A Teoria Perfeita

Quando Arthur Eddington se pronunciou durante a reunião conjunta da Royal Society e da Royal Astronomical Society, em 6 de novembro de 1919, sua fala derrubou sem grande alarde o paradigma reinante da física gravitacional.

Em seu tom solene e monótono, o astrônomo de Cambridge descreveu sua viagem à pequena e exuberante ilha de Príncipe, em São Tomé e Príncipe, na costa oeste da África, onde havia armado um telescópio e tirado fotos de um eclipse total do Sol, com atenção particular a um aglomerado de estrelas de luz fraca dispersas atrás do eclipse. Partindo de medidas das posições das estrelas, Eddington descobrira que a teoria da gravidade inventada pelo santo padroeiro da ciência britânica, Isaac Newton, aceita como verdade havia mais de dois séculos, estava errada. Em seu lugar, afirmava ele, deveria valer uma nova teoria proposta por Albert Einstein, essa sim correta, conhecida como “teoria da relatividade geral”.
À época, a teoria de Einstein já era conhecida tanto pelo potencial para explicar o universo como pela incrível complexidade. Após a cerimônia, enquanto plateia e palestrantes se preparavam para encarar a noite londrina, um físico polonês chamado Ludwik Silberstein caminhou timidamente até Eddington. Silberstein já havia escrito um livro sobre a teoria de Einstein e acompanhara a apresentação daquela noite com muito interesse. Ele declarou: “Professor Eddington, o senhor deve ser uma das três únicas pessoas no mundo que conseguem compreender a relatividade geral”. Como Eddington demorou a responder, ele acrescentou: “Deixe de modéstia, Eddington”.
Eddington encarou-o e disse: “Pelo contrário, estou tentando imaginar quem seria a terceira pessoa”.
À época em que descobri a teoria da relatividade geral de Einstein, a contagem de Silberstein provavelmente devia estar ajustada para mais, mas não muito mais. Foi no início dos anos 1980, quando vi Carl Sagan no programa de TV Cosmos falando que tempo e espaço podiam encolher ou esticar. Imediatamente pedi a meu pai para explicar a teoria. Ele só conseguiu me dizer que era uma teoria muito, muito difícil. “Praticamente ninguém entende de relatividade geral”, ele contou. Eu não me deixei dissuadir. Havia algo de muito atraente naquela teoria bizarra, com suas matrizes distorcidas em que o espaço-tempo envolvia despenhadeiros profundos e desolados do mais absoluto nada.

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À época, a teoria de Einstein já era conhecida tanto pelo potencial para explicar o universo como pela incrível complexidade. Após a cerimônia, enquanto plateia e palestrantes se preparavam para encarar a noite londrina, um físico polonês chamado Ludwik Silberstein caminhou timidamente até Eddington. Silberstein já havia escrito um livro sobre a teoria de Einstein e acompanhara a apresentação daquela noite com muito interesse. Ele declarou: “Professor Eddington, o senhor deve ser uma das três únicas pessoas no mundo que conseguem compreender a relatividade geral”. Como Eddington demorou a responder, ele acrescentou: “Deixe de modéstia, Eddington”.
Eddington encarou-o e disse: “Pelo contrário, estou tentando imaginar quem seria a terceira pessoa”.
À época em que descobri a teoria da relatividade geral de Einstein, a contagem de Silberstein provavelmente devia estar ajustada para mais, mas não muito mais. Foi no início dos anos 1980, quando vi Carl Sagan no programa de TV Cosmos falando que tempo e espaço podiam encolher ou esticar. Imediatamente pedi a meu pai para explicar a teoria. Ele só conseguiu me dizer que era uma teoria muito, muito difícil. “Praticamente ninguém entende de relatividade geral”, ele contou. Eu não me deixei dissuadir. Havia algo de muito atraente naquela teoria bizarra, com suas matrizes distorcidas em que o espaço-tempo envolvia despenhadeiros profundos e desolados do mais absoluto nada.

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