
Durante 2016, a SOF Sempreviva Organização Feminista realizou um estudo com o objetivo de melhor perceber as conexões entre violência e desigualdade no Brasil, a partir das dimensões de gênero, raça e sexualidade.
O estudo nasceu de uma proposta feita pela Christian Aid para refletir sobre os mecanismos que articulam essas duas estruturas marcantes no nosso país.
Assim o processo de reflexão teve aporte de outras organizações parceiras como o (Movimento dos atingidos por barragens) MAB, o Serviço Anglicano de Diaconia Desenvolvimento (SADD) e a elaboração contou com a contribuição da Comissão Pró-Índio CPI-SP.
Por meio da captação e análise de dados estatísticos, o estudo revela que as ações para a redução das desigualdades identificada no período de 2003 a 2013 não foram suficientes para conter o crescimento da violência que o país vivencia nas últimas três décadas.
A redução das desigualdades foi resultado de uma agenda mais inclusiva do Estado brasileiro, especialmente de combate à pobreza.
Expressou-se na política de valorização do salário mínimo, formalização do emprego, segurança alimentar, aumento da renda e da participação no mercado de trabalho, além da ampliação dos serviços públicos.
Isso teve um impacto importante na redução da pobreza das mulheres e da população negra, o que se soma a uma maior aceitação social das relações homoafetivas.
As desigualdades, no entanto, ainda persistem e ganham expressão em distintos campos da vida social. A tendência de aumento da violência existente no Brasil desde os anos 1980 não regrediu no novo contexto de diminuição das desigualdades.
É o que podemos constatar a partir dos dados sobre homicídios, agressões, conflitos e acesso à Justiça, bem como do alarmante aumento do encarceramento da população brasileira. Nesse sentido, a violência aparece como mecanismo de manutenção da ordem e perpetuação das desigualdades.
