A Invenção Do Cotidiano

Reapropriação e experimentação são palavras-chave de uma pesquisa empreendida por Michel de Certeau entre os anos de 1974 a 1978.
Quando é publicada a primeira edição de A invenção do cotidiano, em 1980, os admiradores do historiador e filósofo francês têm acesso a uma obra que compila fragmentos até então publicado nas revistas Traverses (1975-79) e Esprit (1978-79).


A organização proposta por Certeau nos faz percorrer um plano de análise que se baseia em estudar práticas cotidianas como modos de ação, como operações realizadas pelo indivíduo no processo de interação social.
A invenção do cotidiano se divide em cinco partes (1- Uma cultura muito ordinária, 2- Teorias da arte de fazer, 3- Práticas de espaço, 4- Usos da Língua, 5- Maneiras de crer), que, em conjunto, dizem sobre um ser-individual-social, que se reapropria de elementos de uma cultura preexistente, a fim de torná-la comum a sua própria vida ordinária.
Mas engana-se quem, em uma primeira e inocente leitura, pensar que A invenção do cotidiano se debruça apenas sobre a construção de uma subjetividade compreendida por Certeau em fins da década de 1970.
Em vez de ter o indivíduo como centro e foco de análise, o autor parte do pressuposto de que é a relação social que determina o indivíduo e não o inverso, por isso, só se pode apreendê-lo a partir de suas práticas sociais.
De modo analítico e sensível, Certeau percebe a individualidade como o local onde se organizam, às vezes de modo incoerente e contraditório, a pluralidade da vivência social.
Por isso, lhe interessa bastante estudar o processo de enunciação, as várias possibilidades e efeitos da língua em uma situação de interlocução, em que os indivíduos se reapropriam da Língua Materna a fim de utilizá-la para propósitos particulares, para efetivar um diálogo com o mínimo possível de ruído.
Nas práticas cotidianas de ler, conversar, habitar e cozinhar se observam as “maneiras de falar” e as “maneiras de caminhar”, pelas quais o indivíduo pode seduzir, persuadir, refutar.
Todo esse potencial enunciativo e criativo do indivíduo, durante a interação, remete ao que Certeau chama de antidisciplina, que vai de encontro à ideia de vigilância, de limites, de combinações restritas e previsíveis, desenvolvida por Foucault em Vigiar e Punir.
Para afirmar o conceito de cotidiano como o conjunto de operações singulares que, às vezes, dizem mais de uma sociedade e de um indivíduo do que a sua própria identidade, Certeau ainda passeia pelas teorias de Kant, Freud e Bourdieu.
A partir de um estudo dinâmico, que caminha entre grandes pensadores e entrevistas com pessoas comuns, Certeau exalta sentidos em práticas cotidianas que, outrora, passariam despercebidos. Mergulhar na Invenção do cotidiano é perceber que as “artes do fazer” sejam, talvez, o lugar por excelência da liberdade e da criatividade, dois elementos fundamentais para a sociedade contemporânea.

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Reapropriação e experimentação são palavras-chave de uma pesquisa empreendida por Michel de Certeau entre os anos de 1974 a 1978.
Quando é publicada a primeira edição de A invenção do cotidiano, em 1980, os admiradores do historiador e filósofo francês têm acesso a uma obra que compila fragmentos até então publicado nas revistas Traverses (1975-79) e Esprit (1978-79).
A organização proposta por Certeau nos faz percorrer um plano de análise que se baseia em estudar práticas cotidianas como modos de ação, como operações realizadas pelo indivíduo no processo de interação social.
A invenção do cotidiano se divide em cinco partes (1- Uma cultura muito ordinária, 2- Teorias da arte de fazer, 3- Práticas de espaço, 4- Usos da Língua, 5- Maneiras de crer), que, em conjunto, dizem sobre um ser-individual-social, que se reapropria de elementos de uma cultura preexistente, a fim de torná-la comum a sua própria vida ordinária.
Mas engana-se quem, em uma primeira e inocente leitura, pensar que A invenção do cotidiano se debruça apenas sobre a construção de uma subjetividade compreendida por Certeau em fins da década de 1970.
Em vez de ter o indivíduo como centro e foco de análise, o autor parte do pressuposto de que é a relação social que determina o indivíduo e não o inverso, por isso, só se pode apreendê-lo a partir de suas práticas sociais.
De modo analítico e sensível, Certeau percebe a individualidade como o local onde se organizam, às vezes de modo incoerente e contraditório, a pluralidade da vivência social.
Por isso, lhe interessa bastante estudar o processo de enunciação, as várias possibilidades e efeitos da língua em uma situação de interlocução, em que os indivíduos se reapropriam da Língua Materna a fim de utilizá-la para propósitos particulares, para efetivar um diálogo com o mínimo possível de ruído.
Nas práticas cotidianas de ler, conversar, habitar e cozinhar se observam as “maneiras de falar” e as “maneiras de caminhar”, pelas quais o indivíduo pode seduzir, persuadir, refutar.
Todo esse potencial enunciativo e criativo do indivíduo, durante a interação, remete ao que Certeau chama de antidisciplina, que vai de encontro à ideia de vigilância, de limites, de combinações restritas e previsíveis, desenvolvida por Foucault em Vigiar e Punir.
Para afirmar o conceito de cotidiano como o conjunto de operações singulares que, às vezes, dizem mais de uma sociedade e de um indivíduo do que a sua própria identidade, Certeau ainda passeia pelas teorias de Kant, Freud e Bourdieu.
A partir de um estudo dinâmico, que caminha entre grandes pensadores e entrevistas com pessoas comuns, Certeau exalta sentidos em práticas cotidianas que, outrora, passariam despercebidos. Mergulhar na Invenção do cotidiano é perceber que as “artes do fazer” sejam, talvez, o lugar por excelência da liberdade e da criatividade, dois elementos fundamentais para a sociedade contemporânea.

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