
O manifesto ecossocialista internacional, publicado nos Estados Unidos e na França, e, mais recentemente, o Manifesto ecossocialista brasileiro, são algumas das manifestações de um fenômeno que tem se desenvolvido em vários países. Um fenômeno que é herdeiro de muitos anos de lutas, como, por exemplo, no Brasil, o combate e o sacrifício de Chico Mendes.
A civilização capitalista contemporânea está em crise. A acumulação ilimitada de capital, a mercantilização de tudo, a exploração impiedosa do trabalho e da natureza e uma brutal competição minam as bases de um futuro sustentável e, portanto, colocam em risco a própria sobrevivência da espécie humana. A ameaça profunda e sistêmica que enfrentamos exige uma transformação profunda e sistêmica: uma Grande Transição.
Ao sintetizar os princípios básicos de ecologia e a crítica marxista da economia política, o ecossocialismo oferece uma alternativa radical a um status quo insustentável. Ao rejeitar uma definição capitalista de “progresso”, baseada em crescimento de mercado e expansão quantitativa (que, como demonstra Marx, é um progresso destrutivo), defende políticas fundadas em critérios não-monetários, como as necessidades sociais, o bem estar individual e o equilíbrio ecológico. O ecossocialismo propõe uma crítica tanto da “ecologia de mercado” mainstream, que não desafia o sistema capitalista, como do “socialismo produtivista”, que ignora os limites naturais.
À medida em que as pessoas vão percebendo, cada vez mais, como as crises econômicas e as crises ambientais estão ligadas, o ecossocialismo tem ganho aderentes. O ecossocialismo, enquanto movimento, é relativamente novo, mas alguns dos seus argumentos básicos vêm desde a época dos escritos de Marx e Engels.
Atualmente, intelectuais e ativistas estão a recuperar este legado e a procurar uma reestruturação radical da economia, de acordo com os princípios do planeamento democrático ecológico, colocando as necessidades humanas e do planeta em primeiro plano e acima de tudo.
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