Na obra Bordando O Manto Do Mundo Vol. III: Censura E Classificação Indicativa, Mayra Rodrigues Gomes realiza um percurso pelas estratégias de controle sobre a palavra, localizando seu debate na tradição censória brasileira ao teatro e, na sequência, nas reverberações que se fazem sentir desse processo enquanto corrente classificação indicativa sobre produtos de mídia.
Trata-se, em termos gerais, de uma incursão nos mecanismos de proibição e resistência que levam conflituosamente para um debate sobre o controle, regulação e uso dos prazeres a partir de uma riqueza de exemplos que vivificam, demonstram e tornam, assim, inescapável a visualização de uma topografia da constrição aos discursos.
Em sua Parte I, Palavras Proibidas: um estudo da censura, são recuperados os resultados das pesquisas realizadas pela autora em cima do Arquivo Miroel Silveira, uma coleção de 6.137 documentos originais de peças teatrais que passaram pelo estado de São Paulo entre 1920 e 1968, até que a censura fosse federalizada. O interesse específico sobre as peças foi pela recuperação de uma escrita muito particular, aquela da inscrição dos censores sobre os originais e seus efeitos de sentido no âmbito discursivo, social, chegando a abranger as dimensões do histórico e do político.
Em sua Parte II – Classificação Indicativa no Brasil, há um salto histórico para tratar do sistema de Classificação Indicativa brasileiro e ao mesmo tempo uma busca de continuidades no que se refere a critérios e formas de aplicabilidade da norma. Entende-se que, para além das décadas de censura prévia, há uma manutenção mais ampla da restrição de cunho moral.
