A África é o berço da civilização e essa seleção de contos celebra sua cultura e influência, tão ricas e diversificadas quanto o próprio continente. Na África setentrional, as histórias de sultões e seres mágicos deixam entrever a influência moura; nas verdejantes florestas do Congo, sociedades de animais cuja inteligência sobrepuja à do ser humano; nas ilhas orientais, as alegorias morais das antigas civilizações tribais. Tudo faz parte do mítico caldeirão que alimenta a cultura brasileira há séculos.
Contos folclóricos africanos reúne histórias coletadas por exploradores, governantes e missionários europeus, em sua maioria contadas diretamente pelos nativos cuja língua só passou a ser escrita recentemente. São narrativas transmitidas verbalmente, de geração em geração, por, provavelmente, milhares de anos. Os contos revelam o folclore, crenças e códigos de ética africanos. Curiosamente, essa mitologia pré-colonização encontra ecos em muitas outras ao redor do mundo.
Animais falantes, por exemplo, são um recurso narrativo comum em contos populares de diversas sociedades. Esse conceito é apresentado em muitas literaturas tradicionais, como nas fábulas de Esopo, e em mitologias como a grega, a chinesa e a indiana.
Outra característica típica das lendas africanas é a repetição. Os mesmos incidentes ocorrem a diversos indivíduos, ou o mesmo indivíduo se vê preso em uma sucessão de situações similares. Uma variação na conduta do personagem impede a monotonia e revela sua fraqueza ou estupidez, artifício ou traição.
Quase todos esses contos se localizam em supostos tempos pré-históricos, quando animais e seres humanos conviviam em relações sociais na mesma comunidade. Os narradores, ao mesmo tempo em que preservam o enredo e os personagens originais, introduzem objetos conhecidos e familiares ao leitor. Essas inconsistências ilustram a crença de um povo a quem o impossível não constitui um obstáculo à fé; ao contrário, apenas aumenta o prazer da narrativa.
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