
O volume atual integra a série Diálogos como parte das discussões desenvolvidas junto ao Núcleo de Pesquisa “Educação: Subjetividade e Sociedade” (NPESS) da Universidade do Estado de Minas Gerais. Os debates apresentados a seguir foram motivados pela aplicação do projeto transdisciplinar “Arte, Loucura e Educação”, desenvolvido junto ao curso de Pedagogia, no segundo semestre de 2010 e seus desdobramentos na pesquisa “O Lúdico e a Educação”, que congregou os esforços do NPESS entre 2010 e 2013 sob o fomento do edital Universal da FAPEMIG.
Pensar e discutir ludicamente sobre a temática da loucura que marca dolorosamente a região de Barbacena é o objetivo maior deste volume. Cada um dos textos, à sua maneira, procura promover uma reflexão que não se limita a uma mera apresentação do cenário da loucura. Entre Sorôco e o Hospital Colônia de Barbacena são revisitados mais do que os lugares comuns e o “trem de loucos”, são visitadas as margens e as capelas, dispositivos em geral e tortas de amoras. De Erasmo a Foucault, de Freud a Benjamin, de Guimarães à luta antimanicomial, os contornos da loucura são desvelados de formas diversas para que o leitor recrie seu próprio cenário, ciente de que sempre resta algum véu em cada discurso.
Na primeira parte desta, reproduzimos o texto de revisão histórica do NPESS apresentado no Colóquio de Pesquisa da UEMG/Barbacena. O texto mantém as marcas da oralidade que pretendem inserir o leitor no ambiente do livro que ora propomos. A segunda parte apresenta diretamente esse segundo volume da série Diálogos.
Os três primeiros textos foram desenvolvidos a partir da apresentação conjunta da mesa de abertura do projeto “Arte, Loucura e Educação”. No primeiro capítulo Mauro Rocha Baptista, em tom de manifesto, propõe uma releitura do livro “Elogio da Loucura”, de Erasmo de Roterdã, frisando os questionamentos que a loucura, assumida como personagem do discurso de Erasmo, possibilita para uma revisão da educação. O texto “Pedagogia da Loucura” assume assim o papel de provocar um olhar diferenciado e crítico para os textos que se seguirão.
Em “Alegorias de Loucuras”, Renato Melo amplia essa provocação ao chamar para baila Walter Benjamin e a melancólica impossibilidade de se repetir a experiência, seja pela limitação em voltar a saborear o omelete de amoras da infância, seja pelo interdito a ser um viramundo.
A terceira provocação é desenvolvida por Janaína de Assis Rufino em “As vozes da inclusão em Sorôro, sua mãe, sua filha”. A partir da análise da polifonia entre as vozes de inclusão e exclusão presentes no conto de Guimarães Rosa, a autora abre os nossos olhos para a necessidade de suspender os juízos para evitar ser cegado pelos véus que permanecem em cada discurso.
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