Revirando Casa E Mundo

Revirando Casa E Mundo representa o resultado de dois projetos de pesquisa desenvolvidos no âmbito do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da UFF.

Revirando Casa E Mundo representa o resultado de dois projetos de pesquisa desenvolvidos de 1998 a 2006 no âmbito do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade Federal Fluminense. O primeiro, sob o título “Passado nacional e pós-modernidade: percursos do herói no romance português contemporâneo”, foi concluído em 2001 sob o regime de Pós-Doutorado junto à área de Teoria Literária do Programa de Pós-Graduação da Universidade Estadual de Campinas.

O segundo, “A família no romance português moderno”, foi concebido por ocasião da elaboração dos relatórios de pós-doutoramento e de conclusão da pesquisa anterior, cuja dimensão abertamente masculina e pública me arrastou para o seu oposto: a vida em privado que a certa altura se distanciou da vida pública e deu lugar à fixação da família onde se teria forjado o sujeito moderno.

Na ocasião, algumas leituras da ficção pós-75 produzida por mulheres revelaram-me um forte embate entre o masculino e o feminino em que a figuração de “heróis” e heroínas” convidava a problematizar a formação do sujeito na família portuguesa moderna e contemporânea e a desenvolver questões adjacentes em torno da ficção de autoria feminina.

O romance português contemporâneo, cujos paradigmas se situam em O delfim (1968), de José Cardoso Pires e em Bolor (1968), de Augusto Abelaira, põe em causa a substancialidade de um sujeito que desde o século XIX não andava bem das pernas, ainda que o Neorrealismo tivesse tentado a sua redenção por meio do empenhamento da esperança.

No pano de fundo da consciência de personagens como Carlos das Viagens na minha terra (Garrett) e Carlos d´Os Maias (Eça de Queirós), já se constata a falência de uma subjetividade plasmada pelo liberalismo, que substituiu as estereotipias identitárias do Antigo Regime. As relações destes heróis literários no plano da vida privada, na família e junto às mulheres, são absolutamente fracassadas, embora o primeiro tenha êxito (irônico) na vida pública, ao passo que o segundo termina numa improdutiva flâneurie graças à herança do avô.

Entre outros, estes personagens são sujeitos derrotados que não alcançam a completude pessoal nem a apaziguada integração ao seu tempo, oferecendo matéria para a discussão desta nova subjetividade cujas contradições remontam ao nascedouro da modernidade no século XVI e às matrizes da cultura ocidental.

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O segundo, “A família no romance português moderno”, foi concebido por ocasião da elaboração dos relatórios de pós-doutoramento e de conclusão da pesquisa anterior, cuja dimensão abertamente masculina e pública me arrastou para o seu oposto: a vida em privado que a certa altura se distanciou da vida pública e deu lugar à fixação da família onde se teria forjado o sujeito moderno.

Na ocasião, algumas leituras da ficção pós-75 produzida por mulheres revelaram-me um forte embate entre o masculino e o feminino em que a figuração de “heróis” e heroínas” convidava a problematizar a formação do sujeito na família portuguesa moderna e contemporânea e a desenvolver questões adjacentes em torno da ficção de autoria feminina.

O romance português contemporâneo, cujos paradigmas se situam em O delfim (1968), de José Cardoso Pires e em Bolor (1968), de Augusto Abelaira, põe em causa a substancialidade de um sujeito que desde o século XIX não andava bem das pernas, ainda que o Neorrealismo tivesse tentado a sua redenção por meio do empenhamento da esperança.

No pano de fundo da consciência de personagens como Carlos das Viagens na minha terra (Garrett) e Carlos d´Os Maias (Eça de Queirós), já se constata a falência de uma subjetividade plasmada pelo liberalismo, que substituiu as estereotipias identitárias do Antigo Regime. As relações destes heróis literários no plano da vida privada, na família e junto às mulheres, são absolutamente fracassadas, embora o primeiro tenha êxito (irônico) na vida pública, ao passo que o segundo termina numa improdutiva flâneurie graças à herança do avô.

Entre outros, estes personagens são sujeitos derrotados que não alcançam a completude pessoal nem a apaziguada integração ao seu tempo, oferecendo matéria para a discussão desta nova subjetividade cujas contradições remontam ao nascedouro da modernidade no século XVI e às matrizes da cultura ocidental.

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