
A permanência como um estar em movimento: assim se define a presença de Octávio Paz nos textos que aqui se reúnem para prestar uma homenagem a esse que foi uma das vozes mais criativas da poesia e da crítica latino-americanas deste século.
Morto em abril de 1998, aos 84 anos, Octávio Paz deixou para seus leitores de todos os tempos não apenas uma lição de lucidez e sensibilidade — visto terem sido estas as qualidades mais evidentes de sua trajetória literária e intelectual —, como também uma obra inesgotável, espécie de ars combinatória de linguagens e saberes múltiplos, na qual se pode entrar por diferentes vias, dependendo do que nela se deseja encontrar ou enfocar.
Transitando em distintos lugares, ao mesmo tempo que não se deixando confinar em nenhum, Octávio Paz atuou de maneira incisiva nos rumos da modernidade latino-americana em suas interseções com a diversidade cultural dos outros continentes.
Mostrou, com isso, que ser mexicano ou latino-americano é também um exercício de cosmopolitismo e de abertura à alteridade, dando-se a difícil tarefa de traduzir e entrecruzar culturas nos inúmeros textos que escreveu e que hoje se nos apresentam também como uma espécie de “mapa das navegações” do poeta-pensador ao longo de quase todo este século.
Um de seus maiores méritos foi, sem dúvida, ter dedicado praticamente toda a sua existência ao exercício e à defesa da poesia, ainda quando desempenhava outras atividades intelectuais.
Tendo convivido, desde criança, com os livros da grande biblioteca do avô, teve um contato precoce — através da leitura — com os grandes poetas da língua castelhana, passando a cultivar, desde então, o apreço pela palavra poética e o desejo de praticála.
Em nome dela, deu-se a desafiante tarefa de decifrar os signos culturais, políticos, históricos, linguísticos e estéticos do presente e do passado.











