Comunicações, Desenvolvimento E Democracia

Há 30 anos não existia ainda internet – sabemo-lo – mas já era clara, para muitos, a relação entre a difusão e o acesso aos meios de comunicação, e o avanço de um programa de desenvolvimento político-econômico-cultural que pudesse, de fato, beneficiar a maioria da população de um país e do mundo.


Onde se carecia dos meios – e eles eram e ainda são incipientes, em boa parte do mundo –, maiores seriam os obstáculos ao desenvolvimento. Onde a disseminação, universalização e relativa democratização dos meios foram vistas como componente indissociável do processo, maiores as chances de consecução do desenvolvimento. Como exemplo do primeiro caso, fiquemos com o Brasil. Como exemplo do segundo, cite-se a Coreia. Há 30 ou 40 anos, Brasil e Coreia poderiam ser países comparáveis em termos de estágio de desenvolvimento, sendo muito maiores as chances brasileiras de avançar, considerados o seu território e terras aráveis, a sua população, as suas fontes de energia, a relativa tranquilidade de suas fronteiras, a base industrial e tecnológica que já então erigira e, por último, mas não menos importante, a criatividade do seu povo. Hoje, a Coreia é um dos países líderes do atual processo de transição do capitalismo “fordista” para o “informacional”, suas empresas estão entre as maiores do mundo, marcas coreanas se encontram em boa parte dos lares de todo o mundo, inclusive nos da classe média brasileira. As marcas brasileiras, ao contrário, quase desapareceram...
A Coreia não é o único exemplo de país que, não só nos últimos 50 anos, mas nos últimos 200 anos, soube se desenvolver. O Brasil também não é o único exemplo de país que, no mesmo período, ficou para trás, embora, no nosso caso, em situação pelo menos ainda um pouco melhor do que a de muitos outros.
E esta melhor situação pode resultar de vários fatores, um deles, mais uma vez, foram as comunicações: ao contrário de seus vizinhos latino-americanos e da maioria de outros países da periferia capitalista, o Brasil, enquanto teve um projeto de desenvolvimento, soube nele articular a construção de uma eficiente e moderna infraestrutura de telecomunicações que viria a desempenhar papel decisivo, tanto no salto econômico que o país chegou a dar nos anos 1970, quanto na profunda mudança cultural que vivenciou na mesma época. Essa construção ocorreu exatamente entre 1965 e 1985, sendo o seu marco fundador o Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT), de 1962. Como tantas outras construções do que seria uma Nação, aqui incorporando Celso Furtado, esta também foi interrompida.

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Há 30 anos não existia ainda internet – sabemo-lo – mas já era clara, para muitos, a relação entre a difusão e o acesso aos meios de comunicação, e o avanço de um programa de desenvolvimento político-econômico-cultural que pudesse, de fato, beneficiar a maioria da população de um país e do mundo.
Onde se carecia dos meios – e eles eram e ainda são incipientes, em boa parte do mundo –, maiores seriam os obstáculos ao desenvolvimento. Onde a disseminação, universalização e relativa democratização dos meios foram vistas como componente indissociável do processo, maiores as chances de consecução do desenvolvimento. Como exemplo do primeiro caso, fiquemos com o Brasil. Como exemplo do segundo, cite-se a Coreia. Há 30 ou 40 anos, Brasil e Coreia poderiam ser países comparáveis em termos de estágio de desenvolvimento, sendo muito maiores as chances brasileiras de avançar, considerados o seu território e terras aráveis, a sua população, as suas fontes de energia, a relativa tranquilidade de suas fronteiras, a base industrial e tecnológica que já então erigira e, por último, mas não menos importante, a criatividade do seu povo. Hoje, a Coreia é um dos países líderes do atual processo de transição do capitalismo “fordista” para o “informacional”, suas empresas estão entre as maiores do mundo, marcas coreanas se encontram em boa parte dos lares de todo o mundo, inclusive nos da classe média brasileira. As marcas brasileiras, ao contrário, quase desapareceram…
A Coreia não é o único exemplo de país que, não só nos últimos 50 anos, mas nos últimos 200 anos, soube se desenvolver. O Brasil também não é o único exemplo de país que, no mesmo período, ficou para trás, embora, no nosso caso, em situação pelo menos ainda um pouco melhor do que a de muitos outros.
E esta melhor situação pode resultar de vários fatores, um deles, mais uma vez, foram as comunicações: ao contrário de seus vizinhos latino-americanos e da maioria de outros países da periferia capitalista, o Brasil, enquanto teve um projeto de desenvolvimento, soube nele articular a construção de uma eficiente e moderna infraestrutura de telecomunicações que viria a desempenhar papel decisivo, tanto no salto econômico que o país chegou a dar nos anos 1970, quanto na profunda mudança cultural que vivenciou na mesma época. Essa construção ocorreu exatamente entre 1965 e 1985, sendo o seu marco fundador o Código Brasileiro de Telecomunicações (CBT), de 1962. Como tantas outras construções do que seria uma Nação, aqui incorporando Celso Furtado, esta também foi interrompida.

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