
Este livro nasceu de um Módulo chamado “História da África e Cultura Afro-Brasileira” ministrado no Curso de Pedagogia do Centro Universitário UNIESP. Ele é fruto do esforço coletivo dos discentes em pensar possibilidades para o Ensino de História da África na Educação Infantil e Ensino Fundamental Menor. Se me permite, deixa eu começar a contar um pouco da nossa história, minha e deles. Da nossa história.
Era uma vez um continente imenso, rico em cultura, arte e saberes. Era uma vez inúmeros povos, inúmeras línguas e histórias que construíam suas narrativas conforme cada experiência, cada vivência. Era uma vez um povo sequestrado, vendido, destituído de sua humanidade e identidade. Era uma vez inúmeros homens, mulheres e crianças pretas escravizadas no Novo Mundo, Brasil.
Povos, reis, rainhas, histórias, culturas, fé e crenças, destituídas. De humanidade tornaram-se objetos, de objetos tornaram-se peças, de peças tornaram-se valor monetário. Aqui, Brasil, por mais de três séculos esses povos tornaram-se peças e depois de “livres” foram colocados à margem. Povos não aceitos e não integrados à sociedade como cidadãos.
Teorias tentaram encontrar caminhos para legitimar uma “inferioridade” em comparação com os brancos. O branqueamento tinha um objetivo: branquear nossa pele, esconder a nossa cor, silenciar a nossa fala. O mito da democracia racial legitimou um lugar que não existia o racismo e o preconceito. Racismo, injúria racial e preconceito se estruturaram em todos os espaços da nossa sociedade. Velado e escancarado. No silêncio, na sutileza ou aos gritos, eles acontecem, mas quem viu? Quem vê? “Isso não existe no Brasil” – é a fala de muitos. E assim, chegamos ao século XXI.
Ao contar um pouco desta história falamos sobre a Educação, sobre o poder transformador da Educação. Acreditamos que só pela educação conseguiremos mudar pessoas que vão transformar o mundo em um lugar melhor. Durval Muniz, historiador, ao ser questionado sobre para que serve a História, disse que devemos responder que serve pra produzir subjetividades humanas, para humanizar, edificar e construir pessoas. Bem, foi isso que fizemos, estudamos este módulo pensando em como vamos edificar pessoas para um futuro melhor.











