Os Bastidores Da Notícia

Os Bastidores Da Notícia: Essas são memórias de 44 anos vividos na redação do Estadão e por muitas viagens por esse mundão velho, sem porteira.

Um pinguim, sardinha no bico, passando entre as pernas dos jornalistas, na redação do ‘Estadão’; o vetusto Manequinho Lopes cavalgando pelado numa tempestade na Sexta-Feira Santa; o trote a um jornalista esperando um helicóptero inexistente para cumprir uma pauta sobre ordenha de baleias por eletro-ejaculação; o desespero de Saul Galvão ‘cauterizando’ o paletó com um isqueiro, certo de que seu casaco estaria coalhado de carrapatos criados no laboratório do Instituto Butantã; a saia justa do fotógrafo Fábio Moreira Salles durante a Copa do Chile, implorando em portunhol uma conexão elétrica para uma camareira horrorizada diante do gesto com que imitava a penetração do cabo elétrico no orifício formado pela união do polegar e indicador.

Mas também o choro do fotógrafo que percebeu, no incêndio do Joelma, que torcera para que uma vítima se atirasse do alto do prédio, para que ele pudesse fazer a foto de capa do jornal; a coragem de Ruy Mesquita ao desafiar a ditadura e responsabilizar os agentes do DOI/CODI pela vida dos repórteres presos dentro da redação do ‘Estadão’, além da triste luta contra a censura, quando escrevíamos reportagens que sabíamos não seriam publicadas, mas que foram escritas mesmo assim. Afinal somos e sempre seremos repórteres e contadores de histórias.

Essas são memórias de 44 anos vividos na redação do Estadão e por muitas viagens por esse mundão velho, sem porteira, várias das quais compartilhadas com a repórter e esposa Táta Gago Coutinho, companheira de toda uma vida bem vivida, com quem construí uma história de amor que é só nossa, e essa nunca será escrita.

Os textos começaram a ser recuperados trabalhosamente – e põe trabalho nisso -  a pedido de Wilson Baroncelli que, ao longo dos anos, abrigou a maioria deles na coluna Memórias da Redação publicadas no Jornalistas & Cia.

Com o tempo esses relatos foram se multiplicando porque, afinal, recordar é viver, diz o refrão, e levantar essas histórias começou a provocar uma saudade muito doce e também amarga tanto em mim, como em muitos daqueles que viveram o tempo áureo de O Estado de S. Paulo e que prometeram não se dispersar, unidos que continuam no eXtadão, o site do Facebook criado por Silvio Ribeiro.

‘O jornalista é o cronista do efêmero’, me ensinou Carlos Lacerda quando eu era um foquinha muito verde, e ‘jornalista escreve para jornalista’ me convenceu a Táta.

Para completar os chavões, “quem guarda tem”, diz Marcelo Leite Silveira, ex-Arquivo do ‘Estadão’, que ajudou a resgatar e editou essa coletânea de bastidores do jornalão, pautas derrubadas, barrigas homéricas,  textos sofridos, emoção, e que muitos me pediram que se preservassem, acham que não deveriam se perder.

Para mim, entretanto, são apenas pinceladas esparsas do nosso passado, subsídios para quem, algum dia, for escrever a história não de um grande jornal e de seus diretores, que essa já existe, mas dos muitos que, quase sempre anônimos, pois no início era raro a matéria assinada, no dia a dia, foram construindo o que foi O Estado de S. Paulo.

http://livrandante.com.br/contribuicao/caneca-mosaico-de-livros-branca/

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Mas também o choro do fotógrafo que percebeu, no incêndio do Joelma, que torcera para que uma vítima se atirasse do alto do prédio, para que ele pudesse fazer a foto de capa do jornal; a coragem de Ruy Mesquita ao desafiar a ditadura e responsabilizar os agentes do DOI/CODI pela vida dos repórteres presos dentro da redação do ‘Estadão’, além da triste luta contra a censura, quando escrevíamos reportagens que sabíamos não seriam publicadas, mas que foram escritas mesmo assim. Afinal somos e sempre seremos repórteres e contadores de histórias.

Essas são memórias de 44 anos vividos na redação do Estadão e por muitas viagens por esse mundão velho, sem porteira, várias das quais compartilhadas com a repórter e esposa Táta Gago Coutinho, companheira de toda uma vida bem vivida, com quem construí uma história de amor que é só nossa, e essa nunca será escrita.

Os textos começaram a ser recuperados trabalhosamente – e põe trabalho nisso –  a pedido de Wilson Baroncelli que, ao longo dos anos, abrigou a maioria deles na coluna Memórias da Redação publicadas no Jornalistas & Cia.

Com o tempo esses relatos foram se multiplicando porque, afinal, recordar é viver, diz o refrão, e levantar essas histórias começou a provocar uma saudade muito doce e também amarga tanto em mim, como em muitos daqueles que viveram o tempo áureo de O Estado de S. Paulo e que prometeram não se dispersar, unidos que continuam no eXtadão, o site do Facebook criado por Silvio Ribeiro.

‘O jornalista é o cronista do efêmero’, me ensinou Carlos Lacerda quando eu era um foquinha muito verde, e ‘jornalista escreve para jornalista’ me convenceu a Táta.

Para completar os chavões, “quem guarda tem”, diz Marcelo Leite Silveira, ex-Arquivo do ‘Estadão’, que ajudou a resgatar e editou essa coletânea de bastidores do jornalão, pautas derrubadas, barrigas homéricas,  textos sofridos, emoção, e que muitos me pediram que se preservassem, acham que não deveriam se perder.

Para mim, entretanto, são apenas pinceladas esparsas do nosso passado, subsídios para quem, algum dia, for escrever a história não de um grande jornal e de seus diretores, que essa já existe, mas dos muitos que, quase sempre anônimos, pois no início era raro a matéria assinada, no dia a dia, foram construindo o que foi O Estado de S. Paulo.

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