
Até certo ponto, esta é uma tentativa claramente artificial de se tentar individualizar o papel das mulheres numa série de eventos históricos. Há razões, no entanto, do porquê de esta tentativa ser feita.
É porque não se assume que quando os historiadores escrevem sobre o “povo” ou os “trabalhadores”, eles interpretam as mulheres como uma extensão dos homens.
Só recentemente é que a participação das mulheres na história começou a ser estudada com a devida atenção para os papéis que estas assumem, lembrando que constituem aproximadamente metade da população, em todos os níveis sociais.
Na obra The Revolution and the Civil War in Spain, Pierre Broué e Emile Temime afirmam que a participação das mulheres na Revolução Espanhola de 1936 foi maciça e geral, tomando isto como um índice de quão profunda foi a mesma.
Infelizmente, detalhes a respeito são escassos em qualquer parte do livro, mas as fontes nele indicadas permitem a visualização de alguns quadros possíveis de serem conectados entre si.
No processo de examinar como as mulheres lutaram e o que realizaram e como as suas consciências se desenvolveram num período de intensas mudanças sociais, esperamos poder tomar contato com as muitas facetas daquela situação. Qualquer conclusão que emergir certamente terá relevância para os libertários e para o movimento feminista nos dias atuais.
A despeito do peso da inferioridade internalizada debaixo do qual elas traba lhavam, muitas mulheres começaram a envolver-se ati vamente na política.
Do lado libertário, o forte movimento anarquista incorporou certa consciência da necessidade de se conceberem diferentes formas de relacionamentos entre as pessoas – a abolição do casamento legal ao menos constava da pauta.
No entanto, apesar de difícil de avaliar quão profunda era a introjeção dessas mudanças de atitudes em suas vidas pessoais, parece que o problema particular das mulheres não era assunto prioritário.
De fato, não era assunto prioritário de ninguém.











