
Com relação aos estudos do fenômeno da internacionalização na Educação Superior, sabe-se que o mundo já conta com extensa produção científica abarcando desde indicações sobre como as instituições devem atuar para acessarem ao universo desse suposto movimento global, até análises teoricamente mais densas sobre suas racionalidades, contradições, limites e desafios.
Entretanto, a lacuna que se observa e que, em alguma medida, buscou ser preenchida na pesquisa que apresentamos neste livro, tem a ver com os modos, intensidades, influências e impactos desse movimento nos contextos da Educação Básica. Não obstante tenhamos constatado a ausência de investigação tratando especificamente das questões que envolvem esse importante recorte, sabe-se que os movimentos transnacionais pela internacionalização já alcançam territórios da Educação Básica, especialmente no âmbito da formulação curricular.
Foi com o propósito de aprofundar estudos sobre essa problemática que realizamos pesquisa acadêmica no Estágio de Pós–Doutoramento no Instituto de Educação da Universidade do Minho/Braga/Portugal entre 2017 e 2018 sob a supervisão do Professor José Augusto Brito Pacheco. O objetivo geral definido para o trabalho foi analisar implicações dos movimentos de internacionalização curricular no Ensino Superior sobre as atuais políticas e reconfigurações curriculares na Educação Básica, especialmente nos cenários de Brasil e Portugal.
Duas principais hipóteses identificadas durante a exploração da literatura relacionada com a problemática da internacionalização, serviram de base para a definição do escopo do trabalho. A primeira, sinalizada antes, é a de que esse macro movimento, pela potência de seus discursos e alta receptividade institucional e política encontrada nos sistemas educativos nacionais e, particularmente, nas Instituições de Ensino Superior, vem estendendo seus limites para os espaços da Educação Básica, com foco especial sobre questões relacionadas com formulação curricular, ainda que num ritmo menos acelerado e com menor agressividade.
A segunda, relacionada de algum modo com a primeira, é a de que esse movimento, que se impõe como solução contemporânea para a educação, em razão de alguns interesses, adota a mesma racionalidade discursiva para ocupar os espaços políticos nos sistemas nacionais e locais que administram a Educação Básica.
