Quando o francês Jules Rimet resolveu criar a Copa do Mundo, na década de 1920, o futebol já era um bom negócio, mas ainda não movimentava a fábula de dinheiro da sua era moderna. Naquela época, a Fifa, fundada em 1904, precisava de um torneio para fincar sua bandeira e estender o manto do seu poder em todo o mundo.

Não poderia ficar à mercê da Olimpíada que, pela primeira vez na história, colocou frente a frente seleções europeias contra adversários de outros continentes, nos Jogos de Paris, em 1924. O torneio de futebol teve um sucesso absoluto, com 50 mil espectadores na final entre Uruguai e Suíça. A Fifa percebeu ali a importância de se criar uma competição internacional. Em 26 de maio de 1928, em Amsterdã, a entidade aprovou a criação de uma nova competição. Nascia a Copa do Mundo.
Faltava definir uma sede para receber os jogos. Na Europa seria impossível, tamanha crise que assolava o continente. Bicampeão de futebol dos Jogos Olímpicos de 1924 e 1928, o Uruguai tinha apelo de sobra para abrigar a Copa, mesmo ao custo da travessia atlântica das seleções europeias até a América. Em 18 de maio de 1929, no congresso em Barcelona, a Fifa elegeu o Uruguai como sede e o ano de 1930 para celebrar a primeira Copa do Mundo. Quatro seleções europeias (França, Bélgica, Romênia e Iugoslávia) aceitaram o convite da Fifa. Elas se juntaram a oito seleções latino-americanas e mais um representante dos Estados Unidos. Os 13 times entraram em campo e taça ficou com o Uruguai.
Os números da primeira Copa mostraram que em 18 jogos foram marcados 70 gols. E o público total foi de 590.549, média de 32.808. Um show. A Fifa esfregou as mãos. Em breve, poderia transformar o Mundial em uma fonte de lucros inimagináveis até então, mesmo aos dirigentes puristas da época.
Bom, essa história que começou em 1930 não tem um ponto final. O romântico torneio de futebol virou mesmo um grande negócio. No campo, a Copa passou a consagrar craques e o jogo da bola. Os astros ganharam a chance de se imortalizar a cada quatro anos e, para os meninos, cristalizou-se o sonho de ser um deus. A paixão das arquibancadas inundou o mundo e invadiu a televisão. Mais de um bilhão de pessoas se debruçam diante da telinha como um ritual quadrienal. Não há limites para essa paixão.