
Neste canto de louvor a Castro Alves, feito à maneira dos ABCs da literatura de cordel, Jorge Amado mostra a coerência entre a poesia arrebatada do “poeta dos escravos” e sua curta vida pessoal, feita de amores intensos e corajosa militância pela liberdade.
Neste ABC De Castro Alves, que define como uma “louvação”, Jorge Amado mostra que sua relação com o “poeta dos escravos” não é apenas de admiração literária, mas de profunda identificação pessoal, tanto no plano estético como no político e ético.
O autor não se limita a reconstituir, com talento e imaginação de ficcionista, a vida pública e privada do retratado, mas busca também fazer reverberar a potência de sua poesia, cujos motivos centrais são o amor e a liberdade.
Jorge Amado nos mostra que há uma coerência entre a biografia do poeta e sua poesia. Seus amores intensos, sua ativa militância em prol da Abolição e da República, sua personalidade arrebatadora, tudo isso se traduz na veemência de seus versos.
Escrevendo em 1941, momento crítico da Segunda Guerra, quando o Brasil ainda não entrara no conflito, o autor chama a atenção para o caráter engajado e libertário de Castro Alves.
Nesse contexto se explicam as diatribes de Jorge Amado, nas notas, contra Machado de Assis e Mário de Andrade, vistos por ele como artistas que se esquivaram da luta política.
Circunstâncias históricas à parte, ecoam nessas páginas as palavras mais calorosas do poeta que amou intensamente e conflagrou as ruas de Salvador, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo antes de morrer precocemente, aos 24 anos.
