O Tempo E O Outro

O Tempo e o Outro é um relato histórico da função constitutiva do tempo na antropologia anglo-americana e francesa. Em contraste com proeminentes relatos etnográficos de sistemas temporais culturalmente determinados, o projeto crítico de Fabian opera com um nível conceitual

, interrogando e problematizando o desenvolvimento e os usos do tempo como tal. Nesse sentido, O Tempo e o Outro funciona tanto como uma meta-análise do projeto antropológico em geral quanto como uma de desconstrução de suas capacitantes formações temporais.
O argumento de Fabian é motivado por uma contradição inerente à disciplina antropológica: por um lado, o conhecimento antropológico é produzido no decorrer do trabalho de campo por meio da comunicação intersubjetiva entre antropólogos e interlocutores; por outro, formas tradicionais da etnografia representativa requerem a supressão constitutiva das realidades dialógicas que geram conhecimentos antropológicos em primeiro lugar. Nos discursos objetificantes de uma antropologia cientificista, os “Outros" assim, nunca surgem como parceiros imediatos em um intercâmbio cultural, mas como grupos espacialmente - e, de forma mais importante, temporalmente - distanciados. Fabian denomina essa discrepância entre a esfera intersubjetiva do trabalho de campo e o rebaixamento diacrônico do Outro nos textos antropológicos como “uso esquizogênico do Tempo”.
Em O Tempo e o Outro, a interrogação sobre o uso esquizogênico do tempo representa
o início de uma crítica global do projeto antropológico. Porque a discrepância entre o trabalho de campo intersubjetivo e o distanciamento retórico do discurso etnográfico leva Fabian a uma compreensão da antropologia como uma disciplina inerentemente política — uma disciplina que ao mesmo tempo constitui e rebaixa seus objetos por meio de sua relegação temporal. Fabian se refere a esse fenômeno constitutivo como a “negação da coetaneidade" - um termo que se torna o verniz para uma situação na qual a localização hierarquicamente distanciada do Outro suprime a simultaneidade e a contemporancidade do encontro etnográfico. As estruturas temporais assim constituídas, desse modo, colocam antropólogos e seus leitores em uma estrutura de tempo privilegiada, ao passo que desterram o Outro para um estágio de desenvolvimento inferior. Esta situação e, em última análise, exemplificada pela exploração de tais categorias essencialmente temporais como “primitivas”, para estabelecer e delimitar o tradicional objeto da antropologia.

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