A Terra Como Invenção

O tema deste livro é a questão da terra na imaginação ilustrada brasileira. A hipótese principal é a seguinte: a mobilização da categoria "terra" nos escritos de Vicente Licínio Cardoso e Euclides da Cunha leva a uma interpretação da experiência brasileira que a aproxima de outros processos modernizadores

- Rússia e Estados Unidos - e enfatiza a dimensão inventiva e pragmática da formação nacional, e não a reiteração de uma origem cultural essencializada. O que chamo aqui de Rússia Americana seria a chave interpretativa de tal experiência. O conteúdo dessa imaginação é compreendido por meio da análise sociológica da trajetória dos dois personagens, tomando como eixo a engenharia (área de ambos), suas relações com o positivismo e o significado do americanismo no ambiente social que circunscrevia Euclides e Vicente Licínio. Respondo às seguintes questões: por que homens formados numa tradição profissional afeita ao mundo urbano-capitalista elegeram a terra como "imagem espacial" para a interpretação do Brasil? É possível decifrar aspectos dessa sensibilidade intelectual recorrendo a trajetórias marcadas por uma valorização da cultura técnica num ambiente social ainda hostil a vocações tão "americanas"?
Afirmo que a fabulação de uma imaginação periférica calcada na utilização da categoria "terra" pode ser explicada pelo processo de automodelagem intelectual desses dois engenheiros, personagens de um campo da disciplina que não encontrava passagem na Primeira República. Assim, a percepção de um processo de construção nacional aberto e incompleto, marcado pela invenção, encontrava-se com projetos de reinvenção pessoal e social.
Como se percebe, não se trata de postular uma relação simples de causalidade entre engenheiros e terra, mas de apontar afinidades significativas entre ambos os fenômenos. Para tanto, além da análise interna dos textos, lanço mão de material empírico (cartas, arquivos, biografias e literatura secundária sobre engenharia e positivismo) e empreendo uma comparação com alguns atores centrais do Modernismo no Rio de janeiro também atentos para o tema da terra na formação brasileira. Ao traçar esse diálogo, meu objetivo é entender o contexto discursivo que permeava os usos das imagens espaciais analisadas. Antes, porém, da exposição mais detalhada desses problemas, algumas questões teóricas deverão ser enfrentadas.

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O tema deste livro é a questão da terra na imaginação ilustrada brasileira. A hipótese principal é a seguinte: a mobilização da categoria “terra” nos escritos de Vicente Licínio Cardoso e Euclides da Cunha leva a uma interpretação da experiência brasileira que a aproxima de outros processos modernizadores – Rússia e Estados Unidos – e enfatiza a dimensão inventiva e pragmática da formação nacional, e não a reiteração de uma origem cultural essencializada. O que chamo aqui de Rússia Americana seria a chave interpretativa de tal experiência. O conteúdo dessa imaginação é compreendido por meio da análise sociológica da trajetória dos dois personagens, tomando como eixo a engenharia (área de ambos), suas relações com o positivismo e o significado do americanismo no ambiente social que circunscrevia Euclides e Vicente Licínio. Respondo às seguintes questões: por que homens formados numa tradição profissional afeita ao mundo urbano-capitalista elegeram a terra como “imagem espacial” para a interpretação do Brasil? É possível decifrar aspectos dessa sensibilidade intelectual recorrendo a trajetórias marcadas por uma valorização da cultura técnica num ambiente social ainda hostil a vocações tão “americanas”?
Afirmo que a fabulação de uma imaginação periférica calcada na utilização da categoria “terra” pode ser explicada pelo processo de automodelagem intelectual desses dois engenheiros, personagens de um campo da disciplina que não encontrava passagem na Primeira República. Assim, a percepção de um processo de construção nacional aberto e incompleto, marcado pela invenção, encontrava-se com projetos de reinvenção pessoal e social.
Como se percebe, não se trata de postular uma relação simples de causalidade entre engenheiros e terra, mas de apontar afinidades significativas entre ambos os fenômenos. Para tanto, além da análise interna dos textos, lanço mão de material empírico (cartas, arquivos, biografias e literatura secundária sobre engenharia e positivismo) e empreendo uma comparação com alguns atores centrais do Modernismo no Rio de janeiro também atentos para o tema da terra na formação brasileira. Ao traçar esse diálogo, meu objetivo é entender o contexto discursivo que permeava os usos das imagens espaciais analisadas. Antes, porém, da exposição mais detalhada desses problemas, algumas questões teóricas deverão ser enfrentadas.

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