
Tendo lido, há muito tempo, publicações mais iniciais do Professor Paulo Freire e, no retorno do seu exílio – que durou 16 anos, tendo ido ao Aeroporto Internacional de Campinas cumprimentá-lo em seu tão justo retorno ao Brasil; tendo, após, lido a monumental obra Paulo Freire: uma história de vida, da Drª Nita Araújo Freire – sua viúva, nem precisei lembrar-me de que fomos, o grande Paulo e eu, por breve tempo, colegas na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas/SP), para comover-me até hoje com nossa brasilidade.
Agora defronto-me com uma boa e honesta obra coletiva, na qual professores jovens (ou, no máximo de meia-idade) estudam aspectos do preciso e amplo pensamento deste “santo pensador da educação” (conforme ouvi Darcy Ribeiro chamá-lo).
Paisagens belas normalmente são variadas (montes, planuras, riachos e muito verde). E é o que normalmente caracteriza os livros que são obras coletivas. Desníveis importam pouco; o que, sim, importa é não abrigar nenhum texto que desmereça o conjunto. E a produção deste conjunto de autores é de bem boa qualidade. As obras coletivas devem mostrar, de seus autores e autoras, vidas com visões diversas, sensibilidades de interpretação distintas.
No presente livro, Mosaico Freiriano, obviamente há ensaios (ou capítulos) muitos bons, mas este prefaciador não encontrou nenhum texto que desmereça a obra. Veja-se que tem inclusive belo escrito poético, que os coloridos da versificação, tão bem louvam nosso Paulo Freire. A variedade de abordagens impressiona, com leveza e efetividade, a competência dos estudiosos seus autores e autoras.
Ora, é direito de cada pesquisador/escritor exprimir-se mais academicamente ou com maior transparência em sua natureza textual. Ler-se Hegel ou Heidegger não é como ler-se Jean-Jacques Rousseau ou Rubem Alves. No entanto, estes são todos indispensáveis – dos de leitura mais trabalhosa, aos de leitura fluida.
