Dois Contos Introdutórios – Ao lado dos romances, Balzac cultiva também, com menos constância, a arte do conto. Jules Renard observou que o gênero era pequeno demais para ele. Talvez o leitor não tenha essa impressão ao ler os maliciosos Contos droláticos, uma homenagem a Rabelais, pelo qual sentia admiração e afinidade, e que não figuram em A comédia humana.
Outros contos foram abandonados como obras autônomas, tendo cenas e diálogos transpostos para romances. Vários foram incluídos em A comédia humana, como A missa do ateu, A obra-prima ignorada, A mulher abandonada, El Verdugo e os dois contos reunidos no presente volume: Uma paixão no deserto e A Grande Seteira.
Estes dois contos foram escritos no mesmo período, decorrendo menos de um ano entre a composição de um e de outro. São duas obras-primas, ambas tratando de temas insólitos, como era do gosto dos escritores da primeira metade do século XIX.
Uma paixão no deserto foi publicada em dezembro de 1830 na Revue de Paris, ganhando sua forma definitiva em 1832. A Grande Seteira, escrita em outubro de 1831, de forma autônoma, passa a constituir a partir de 1845 um dos quatro episódios do romance Outro estudo de mulher, publicado três anos antes (1842).
Não seria leviano afirmar que Uma paixão no deserto é um conto de aventura, mesmo que contenha algumas das principais características da ‘gramática’ balzaquiana em suas entrelinhas. Ao passo em que confirma o absoluto domínio do novelista francês sobre as técnicas da escrita, a novela deixa para trás os ambientes povoados pela sociedade francesa e segue rumo ao deserto do Magreb, tudo para narrar os desdobramentos do encontro entre um soldado francês em fuga e uma pantera. Já a Grande Seteira é um drama conjugal de viés psicológico, um conto que, amparado na melhor tradição do suspense e do mistério, descortina a crueldade existente não apenas nas relações humanas, mas também nas relações de poder.
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