Em Da Poesia, que reúne pela primeira vez toda a poesia de Hilda, a ordem cronológica dos livros foi mantida. Acrescentamos uma seleção de versões e esboços de poemas inéditos, recolhidos na Casa do Sol e na Unicamp, para observar de perto o processo criativo da poeta que, com frequência, inventava palavras — é o caso de “malassombros”, “mesmismo” e “correirice”, além de aglutinações como “porisso” e “vezenquando”.
Da Poesia cobre, assim, um arco de intensa atividade de Hilda, que se dedicou apaixonadamente à poesia ao longo de 45 anos. Em entrevista ao Suplemento Literário de Minas Gerais, em abril de 2001, ela ponderou sobre sua poética: “Não é que eu queira uma aceitação do público. Mas quando a gente vai chegando à velhice como eu, com setenta anos, dá uma pena ninguém ler uma obra que eu acho maravilhosa. Fico besta de ver como as pessoas não entendem o que escrevi. Recuso-me a dar explicações. Falam coisas absurdas, que a minha obra não tem pontuação, não tem isso, não tem aquilo… Acho desagradável ter que falar sobre a minha obra, é muito difícil. Sei escrever”.
A intensa e prolífica atividade literária de Hilda Hilst se desdobrou em livros de ficção e em peças de teatro, mas foi na poesia que ela deu início à sua carreira. Ao longo de 45 anos, entre 1950 e 1995, a poeta publicou em pequenas tiragens graças ao entusiasmo de editoras independentes, com destaque para Massao Ohno, seu amigo e principal divulgador. No início dos anos 2000, os títulos de Hilda começaram a ser editados pela Globo. A partir desse momento, a sua escrita – até então considerada marginal e hermética – passou a ter ampla divulgação e a receber o interesse de uma legião de leitores e estudiosos. Da Poesia reúne toda a lavra poética da autora de Bufólicas em um só livro, que inclui, além de mais de 20 títulos, uma seção de inéditos e fortuna crítica. O material contém posfácio de Victor Heringer, carta de Caio Fernando Abreu para Hilda, dois trechos de Lygia Fagundes Telles sobre a amiga e uma entrevista cedida a Vilma Arêas e a Berta Waldman, publicada no Jornal do Brasil em 1989. A poesia de Hilda – que ganha forma em cantigas, baladas, sonetos e poemas de verso livre – explora a morte, a solidão, o amor erótico, a loucura e o misticismo. Ao fundir o sagrado e o profano, a poeta se firmou como uma das vozes mais transgressoras da literatura brasileira do século XX.
Da Poesia
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