Embora eu esteja há um quarto de século estudando a temática feminina, nunca havia escrito para não-iniciados, para aqueles que não dominam a terminologia científica.
Quando a Editora Moderna me convidou para escrever um livro para a Coleção Polêmica, senti aquela coceira gostosa provocada pela novidade.
Todavia, eu estava habituada a usar uma linguagem muito especifica, rigorosamente científica, conhecida, em boa gíria brasileira, por sociologuês. Seria capaz de abandonar a terminologia sociológica, para trocar em miúdos algumas análises que havia realizado?
Muitos, ai inclusos amigos meus, opinaram que eu só sabia escrever sociologuês. Resolvi, pois, tomar estas afirmações como desafios. Mas não foram elas os únicos fatores de meu empenho em traduzir para uma linguagem simples ideias que eu já havia escrito em linguagem fechada, hermética, sisuda.
Havia também o desafio, e este me provocava ainda maior coceira, de dialogar com jovens, de lhes propor uma nova estratégia de luta, de lhes oferecer elementos para a escolha de uma vida mais feliz.
Ademais, o público que lê português é infinitamente maior do que aquele que lê sociologuês. Perguntei-me, então, insistentemente, se não era chegado o momento de tentar passar para este público uma parte de minha experiência.
Fiz-me esta pergunta enquanto educadora. Na profissão de professora universitária, não havia eu desempenhado esta função de explicar, isto é, de tornar simples e compreensíveis conceitos complexos, que denominam fenômenos complicados? Não procedo da mesma maneira quando faço conferências para públicos pouco instruídos e até mesmo analfabetos?
Nada justificava, portanto, que eu deixasse de tentar a feitura deste pequeno livro. Assim, lancei-me a luta e dela lhes apresento, agora, o fruto. Caberá a vocês julgar-lhe o gosto.
De minha parte, confesso que a experiência me ensinou muito e me causou enorme prazer.
Por vezes, tinha a impressão de estar diante de vocês, em pessoa, batendo papo. Espero que sintam o mesmo. Mas, se assim não ocorrer, isto significa que ainda devo aprender muito para me comunicar com este público. Embora eu seja bem mais velha que os meus leitores, estarei disposta a começar de novo, tentando outro método de abordagem. Se este for o caso, quem sabe, um dia, chegarei lá.
O Poder Do Macho
- Ciências Sociais
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