Teatro Pós-Dramático

Em Teatro Pós-Dramático, Hans-Thies Lehmann nos oferece uma vasta cartografia dos processos multifacetados que caracterizam o teatro dos anos 1970 aos 90.

Neste livro, Hans-Thies Lehmann nos oferece uma vasta cartografia dos processos multifacetados que caracterizam o teatro dos anos 1970 aos 90.

É o primeiro estudo a dar conta da teatralidade fragmentária contemporânea, em particular daquelas espécies estranhadas de cena total que - ao contrário da Gesamtkunstwerk wagneriana - rejeitam a totalização, e cujo traço mais evidente é situarem-se em territórios miscigenados de artes plásticas, música, dança, cinema, vídeo, performance, além de adotarem procedimentos criativos avessos à ascendência do drama.

Reconhecendo o caráter problemático das aparições a uma exegese sintética nesse campo, o autor delineia a configuração do pós-dramático a partir de uma constelação de elementos; seu movimento é de anexação de territórios e abre múltiplas vias de acesso ao teatro recente, cujo único aspecto comum é o fato de se distanciar da órbita do dramático.

Para estabelecer as bases de seu argumento, Lehmann se afasta dos conceitos tradicionais de 'drama burguês' ou mesmo de 'drama absoluto', de Peter Szondi, de quem foi aluno. Segundo ele, teatro dramático é todo aquele que obedece ao primado do texto e preserva as categorias de imitação e ação, responsáveis pela instituição de um sentido fechado.

Totalidade, ilusão e reprodução do mundo são seus componentes básicos, e a realidade do novo teatro começa exatamente com a desaparição dessa tríade, o que se dá em escala considerável apenas nas décadas finais do século XX, quando a cultura de massa já se apropriou dos procedimentos dramáticos e os tornou francamente reacionários.

A partir de tal premissa, Lehmann considera a pletora de linguagens formais heterogêneas do pós-dramático como uma forma de resistência à 'sociedade do espetáculo'.

É para se contrapor à forma-mercadoria que esse teatro adota uma estratégia de recusa e de afirmação da própria materialidade, oscilando entre presença e representação, performance e mimese, real sensorial e ficção, processo criativo e produto representado.

No vaivém dessas polaridades, o espectador se vê na posição instável de responder esteticamente ao que se passa em cena, como se assistisse a uma ficção teatral, e ao mesmo tempo de reagir a ações extremas, que não raro lhe exigem uma resposta moral.

Sem dúvida, estamos diante de uma prática artística que problematiza o "estado de espectador" como comportamento social inocente e demanda uma perceptibilidade intensificada, com clara conotação política, contrapondo-se de modo crítico à percepção ordenada da sociedade de consumo.

A proposta radical de Lehmann, de tendência eminentemente adorniana, é depreender o político da hermenêutica das formas, e assim alça o teatro pós-dramático à categoria de prática revolucionária.

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Em Teatro Pós-Dramático, Hans-Thies Lehmann nos oferece uma vasta cartografia dos processos multifacetados que caracterizam o teatro dos anos 1970 aos 90.

Neste livro, Hans-Thies Lehmann nos oferece uma vasta cartografia dos processos multifacetados que caracterizam o teatro dos anos 1970 aos 90.

É o primeiro estudo a dar conta da teatralidade fragmentária contemporânea, em particular daquelas espécies estranhadas de cena total que – ao contrário da Gesamtkunstwerk wagneriana – rejeitam a totalização, e cujo traço mais evidente é situarem-se em territórios miscigenados de artes plásticas, música, dança, cinema, vídeo, performance, além de adotarem procedimentos criativos avessos à ascendência do drama.

Reconhecendo o caráter problemático das aparições a uma exegese sintética nesse campo, o autor delineia a configuração do pós-dramático a partir de uma constelação de elementos; seu movimento é de anexação de territórios e abre múltiplas vias de acesso ao teatro recente, cujo único aspecto comum é o fato de se distanciar da órbita do dramático.

Para estabelecer as bases de seu argumento, Lehmann se afasta dos conceitos tradicionais de ‘drama burguês’ ou mesmo de ‘drama absoluto’, de Peter Szondi, de quem foi aluno. Segundo ele, teatro dramático é todo aquele que obedece ao primado do texto e preserva as categorias de imitação e ação, responsáveis pela instituição de um sentido fechado.

Totalidade, ilusão e reprodução do mundo são seus componentes básicos, e a realidade do novo teatro começa exatamente com a desaparição dessa tríade, o que se dá em escala considerável apenas nas décadas finais do século XX, quando a cultura de massa já se apropriou dos procedimentos dramáticos e os tornou francamente reacionários.

A partir de tal premissa, Lehmann considera a pletora de linguagens formais heterogêneas do pós-dramático como uma forma de resistência à ‘sociedade do espetáculo’.

É para se contrapor à forma-mercadoria que esse teatro adota uma estratégia de recusa e de afirmação da própria materialidade, oscilando entre presença e representação, performance e mimese, real sensorial e ficção, processo criativo e produto representado.

No vaivém dessas polaridades, o espectador se vê na posição instável de responder esteticamente ao que se passa em cena, como se assistisse a uma ficção teatral, e ao mesmo tempo de reagir a ações extremas, que não raro lhe exigem uma resposta moral.

Sem dúvida, estamos diante de uma prática artística que problematiza o “estado de espectador” como comportamento social inocente e demanda uma perceptibilidade intensificada, com clara conotação política, contrapondo-se de modo crítico à percepção ordenada da sociedade de consumo.

A proposta radical de Lehmann, de tendência eminentemente adorniana, é depreender o político da hermenêutica das formas, e assim alça o teatro pós-dramático à categoria de prática revolucionária.

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