A Moradia, a habitação de interesse social e a cidade, são temas que pouco discutimos, mas que nos afetam diariamente. Para alguns é discussão apenas de pesquisadores, para outros de financistas, outros ainda pensam que somente se discutem esses temas quando se trata de reunião de gestores de cidades ou empreiteiros.

A recente onda de urbanização do planeta tem colocado a todos nesta mesma mesa. Isto é, já não se pode deixar de enxergar que o tema se tornou
complexo e integrado.

O fenômeno da urbanização iniciado no período neolítico sofreu grande impulso na revolução industrial. Nesta era atual, em que os meios de comunicação, as tecnologias de automação se fazem tão presentes, curiosamente, em lugar de propiciar a interiorização da qualidade de vida, está segregando a sociedade.

Se de um lado se exige repensar as pequenas cidades de outro lado, as metrópoles concentram bolsões de miséria e violência incompatíveis com a gênese da urb. A ação dos gestores públicos, investidores e pesquisadores e do próprio cidadão está sem rumos definidos.

A existência cada vez mais frequente de condomínios fechados e shopping centers proporciona às pessoas sensação de segurança e conforto. Esta mesma ação que gera bolsões de segurança, cria áreas com baixa densidade populacional, carentes de infraestrutura e desvalorizadas que favorecem a concentração da miséria e a escalada da violência.

Contraposto a isso, algumas iniciativas buscam ocupar estes vazios com áreas de lazer, turismo e habitação destinada à parcela de mais baixa renda.

Nesse contexto, a criação de novos condomínios destinados à Habitação de Interesse Social, em grandes cidades, afastados dos centros de produção e convivência, gera mais demanda por infraestrutura, consome recursos públicos, concentra trânsito, aumenta distâncias viajadas e faz crescer o custo de vida destas populações.

Novas técnicas de projeto e construção são imprescindíveis, mas não suficientes para resolver esses dilemas.

Esse livro é fruto de um longo período de debates entre sociedade e academia. O desenvolvimento de pesquisas tecnológicas e sociais e a sua discussão com os demais envolvidos é uma característica deste grupo, difuso, horizontal, produtivo e persistente.

Aqui se reúnem pesquisadores, estudantes, empresários, gestores públicos e associações de moradores para gerar uma visão holística dos temas citados. Decorrente disso, tem-se protótipos de aplicação tecnológica em que os moradores são os avaliadores do projeto e da obra.

A união de três escolas de diferentes esferas de governo, funções e distribuição geográfica no Estado de Mato Grosso faz desse grupo uma harmonia rara. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) produzem este livro como resultado dos trabalhos, congressos e projetos dos últimos 15 anos.