
Provavelmente oriunda da Índia, a cana-de-açúcar foi levada pelos árabes e chineses para territórios localizados na costa do Mar Mediterrâneo e do Oceano Índico. Posteriormente, os cavaleiros das Cruzadas, que haviam se acostumado ao uso do açúcar no Extremo Oriente e que queriam continuar a utilizá-lo, ao retornarem para a Europa, rapidamente desenvolveram um intenso comércio do açúcar produzido na costa do Mediterrâneo, o qual perdurou até o início do século XVI.
A conquista de Constantinopla pelos turcos, em 1453, fez a manufatura açucareira declinar no entorno do Mediterrâneo e possibilitou o seu monopólio produtivo pelos portugueses, que já haviam iniciado o plantio da cana-de-açúcar em ilhas do Atlântico. No século XVI, a cana é levada à recém-colônia descoberta – o Brasil.
É nesse ponto que se inicia a trajetória a ser percorrida neste livro. Como bem lembra o enredo do samba, “nesta terra, o que se planta dá”, foi no território brasileiro que a cana-de-açúcar e a manufatura açucareira se deram, resultando naquilo que seria denominado por Celso Furtado, em 1969, em seu livro Formação Econômica Brasileira, como a primeira grande empresa colonial agrícola europeia.
No Brasil, fatores especialmente favoráveis para o seu desenvolvimento foram encontrados: solos férteis, água profusa, temperaturas quentes, relevos planos e mão de obra indígena abundante, apoiados no desejo e no sonho portugueses de manter o território de onde no futuro se poderia, quem sabe, serem extraídas grandes quantidades de ouro, como ocorria do lado Oeste do Tratado de Tordesilhas.
Os canaviais começaram a ser implantados, primeiramente, nas porções litorâneas da costa brasileira e, posteriormente, também nas áreas interioranas. Os escravos, primeiramente indígenas e, posteriormente, africanos, cultivavam-na, cortavam-na e a levavam ao engenho, onde a cana era moída, o caldo aferventado até formar uma garapa, para então ser cristalizado e dar origem aos torrões de açúcar exportados para a Europa.











