A obra investiga a passagem entre dois períodos do pensamento de John Rawls. No livro Uma Teoria Da Justiça e nos artigos publicados durante a década de 1970, Rawls definiu o seu projeto filosófico como uma teoria moral, que visava formular uma teoria inspirada na estrutura deontológica da moral kantiana.
A teoria da justiça parte de um conceito que Rawls supõe ser amplamente aceito. As pessoas discordam, segundo ele, acerca do modo como esse conceito deva ser aplicado, ou seja, elas discordam em relação aos princípios de justiça.
O procedimento contratual, grosso modo, visa escolher os princípios que poderiam aplicar esse conceito. Assim, ao unir o conceito de justiça com os princípios que indicam a maneira como ele deve ser aplicado, Rawls formula uma concepção denominada “justiça como equidade”.
De modo análogo, se uma teoria do correto determinar todos os princípios necessários para a aplicação do conceito do correto, tal conceito se transformaria na concepção de “correto como equidade”.
Na pesquisa, argumenta-se que Rawls identificou um problema interno a esse projeto e, durante as décadas de 80 e 90, desvinculou sua filosofia da teoria moral e passou a orientá-la pelos papéis da filosofia política. Essa reorientação significou uma modificação no modo como ele compreendeu a relação entre sua filosofia e o pensamento de Kant.
A investigação, portanto, procura as principais características das duas orientações da filosofia de Rawls (teoria moral e papéis da filosofia política), as razões que o levaram a abandonar o projeto da teoria moral e a relação entre a sua filosofia e o pensamento de Kant.
Ao fazer isso, pretende-se esclarecer as razões que levaram Rawls a utilizar o construatualismo como inspiração para sua filosofia, o significado que atribuiu ao conceito de deontologia e, também, o papel da cultura política pública na justificação da filosofia de Rawls durante o segundo período de seu pensamento.