Os escritos e vivências que seguem nas próximas páginas servem a pesquisadores que se interessam por leituras filosóficas e hermenêuticas quanto a ativistas-acadêmicas(os) que querem testemunhar a manifestação concreta da pedagogia de Freire em espaços formais e informais de educação.
Paulo Freire: (Re)Leituras E Práticas é um livro para quem busca utopias viáveis, possíveis de serem realizadas com a rigorosidade da práxis. A aproximação entre a academia e a comunidade, entre o texto acadêmico e o contexto popular precisa urgentemente ser tecido, sobretudo se estamos examinando o mundo através das lentes freirianas. Afinal, Freire, de forma louvável, conseguiu “ser homenageado pelos intelectuais da academia e pelos intelectuais dos campos e das fábricas”.
Freire colocou as oprimidas e oprimidos latino-americanos no centro do mundo já lá nos anos 1960. Fez questão que nossas vozes fossem ouvidas. Ele disse que juntas e juntos podemos e devemos transformar o mundo. Além disso, Freire mostrou que pessoas como eu – que morou sempre no interior, filha de uma dona de casa e pequena agricultora que tem o ensino primário e de um mecânico soldador que não terminou o ensino fundamental – podem ocupar lugares que não foram ideados para nós.
Como, por exemplo, os bancos escolares e universitários. Que gente como os m/seus pais, também cria conhecimento, mesmo estando do lado de fora dos muros da escola. E que gente assim, trabalhando e se mobilizando coletivamente, muda o mundo.
Paulo Freire: (Re)Leituras E Práticas reúne onze textos que fazem dialogar teoria e prática de modo muito particular, em diferentes contextos e temporalidades, indicando um campo de possibilidades em aberto, ressignificado, atual.
Os quatro primeiros textos apresentam uma dimensão mais teórica do pensamento freireano e os demais dão a ver práticas inspiradas em suas ideias pedagógicas que, aplicadas, resultaram em experiências distintas de emancipação e libertação de homens e mulheres que, por meio da educação vêm experienciando pensar a si e o mundo por outras lentes, descolonizando o pensamento, ousando se afirmar como sujeitos de suas próprias histórias. São reflexões dessa natureza que os leitores e leitoras encontrarão neste livro. Todas demonstram como, 100 anos depois, Paulo Freire ainda vive.