Estes Silogismos, publicados em 1952, passaram durante muito tempo despercebidos. Desde que apareceram em edição de bolso, seduziram os jovens.
Só uma geração desiludida poderia se entusiasmar por uma visão tão negativa da história. Só da história? Da existência em geral.
É preciso ter a coragem de reconhecer que a vida não resiste a uma interrogação séria e que é difícil, e mesmo impossível, atribuir um sentido ao que visivelmente não comporta um.
Por outro lado, nem que seja por gosto do paradoxo, podemos ser seduzidos por esse naufrágio, pela amplidão, pelo brilho do nada de tudo o que vive.
O homem tem todas as chances de desaparecer e desaparecerá mais cedo do que pensa, mas, por outro lado, tem razão em prolongar essa tragicomédia, nem que seja por distração ou por vício.
Silogismos Da Amargura é um conjunto de aforismos sobre temas diversos (filosofia, história, religião, literatura…) dominado pela obsessão de “conservar para a Dúvida o duplo privilégio da ansiedade e da ironia”.
Sobre ele disse o próprio autor: “é um livro que escrevi em um momento de imenso desespero, e é de um cinismo quase insuportável”.
Ignorado durante vários anos e considerado “superficial” pelo editor da tradução alemã da época, tornou-se – a partir de sua reedição em livro de bolso – “uma espécie de breviário para os jovens europeus”. Expressão sincera de uma crise, apenas o biólogo e cultor do aforismo Jean Rostand saudou-o na época de sua aparição.
Traduzido em quase todas as línguas cultas (inclusive o japonês), Silogismos Da Amargura é o livro de Cioran que maior sucesso obteve, nos últimos anos, na França e na Alemanha. Confirma, portanto, a opinião do autor: “a meu ver, é mais difícil prever o destino de um livro que o destino de uma pessoa…”.