O livro 68: A Geração Que Queria Mudar O Mundo é composto por relatos de uma centena de ex-militantes políticos, organizados e sistematizados ao longo dos anos por Eliete Ferrer, do grupo “Os Amigos de 68”.
Trata-se de contribuição ímpar para a difusão da memória daqueles que combateram o regime militar por descrever, sob diversos matizes, as percepções e concepções de vida que eles sustentaram, o modo como lutaram contra a ditadura, bem como as interrupções que tiveram em suas vidas e os recomeços que puderam construir.
Nesse sentido, a publicação da obra é ato de reparação moral, pois contribui para a conexão da geração de 1968 com a história do país, permitindo que suas lutas e memórias constituam efetivamente parte da identidade nacional brasileira.
O livro que agora editamos não tem o objetivo de constituir-se em “a verdade oficial” sobre qualquer fato mas quer apenas viabilizar às novas gerações e aos estudiosos do período a leitura de depoimentos pessoais sobre uma série de fatos por demais narrados tanto na história dos “arquivos oficiais”, quanto em outros relatos indiretos, para que estes possam ser avaliados e compreendidos hoje, dentro de um novo contexto social e político.
Divulgando estes textos, que são escritos em primeira pessoa dos perseguidos, a Comissão de Anistia contribui para pluralizar as fontes de pesquisa sobre a ditadura no Brasil, num exercício que estimula a tolerância e o respeito às diversas formas de ver e viver o mundo.
Trata-se de dar repercussão às vozes caladas no passado. Fazendo-o, cumpre sua função legal de divulgar a memória política do período que se estende entre 1946 e 1988 e, ainda, fortalece valores necessários à democracia, como o fomento à pluralidade e à tolerância.
A Comissão de Anistia reúne o arquivo dos que foram atingidos pela ditadura militar, pois nosso compromisso é com a verdade das vítimas. Significativa parte do conteúdo deste livro está presente nos processos administrativos de anistia, constituindo-se em fatos já reconhecidos pelo Estado brasileiro.
Assim sendo, o objetivo de publicar a obra não é gerar consensos, justo o oposto! Pretende-se ampliar possibilidades de leitura e permitir a mais atores sociais que falem livremente sobre aquilo que viveram e sobre o que pensam dessas experiências.