História E Providencialismo: Bossuet, Vico E Rousseau

No final do século XVII, a Inglaterra havia feito uma revolução e derrocado seu rei pela força de um movimento de ampla base social, amparado por idéias políticas consistentes e de grande fecundidade.

Além de representar um precedente político perigoso para os defensores do absolutismo monárquico, e justamente devido a tal ineditismo, estes fatos pareciam indicar uma experiência histórica claramente original. Por ambos os motivos, eles deveriam ser objeto de uma reflexão capaz de desvendar o seu sentido. Será que a história não estava mais se repetindo e, sim, instaurando algo radicalmente novo?
Que significado poderia ter então o seu estudo, até ali cultivado como fonte de exemplos e mestre do presente? É no contexto destes debates, dessa busca de sentido, que começa a surgir a filosofia da história. Pela grande força do cristianismo, entretanto, a princípio tal empreendimento recorreu ainda à tradicional imagem cristã da Providência divina para explicar a ordem existente por trás do caos dos negócios humanos, para descobrir a intenção oculta nesse ordenamento sutil e, daí, oferecer o ensinamento necessário ao bom governo do mundo atual. Superou-se, assim, a imagem cíclica do tempo histórico, predominante desde o Renascimento, com a retomada de uma concepção linear, estendida entre os marcos temporais do começo (Criação do homem por Deus) e do fim (Juízo Final). Nenhum fato teria sido casual nem simplesmente condicionado por forças cegas de tipo natural e, sim, definido pela intenção divina, com um sentido assinalado pela posição ocupada por ele na ordem absoluta do desdobrar da Sua vontade.
Desse modo, inclusive aquilo que aparentava ser um mal, certamente acabaria se revelando como um bem para a humanidade, seja como castigo divino a ser compreendido, seja como causa indireta de um bem maior no futuro do que teria vindo com a não ocorrência do mal. A força de semelhante idéia era tanta que praticamente toda a tradição alemã da filosofia da história, – de Leibniz a Hegel, passando por Kant – de um modo ou de outro adere a ela, elaborando uma concepção de teodicéia, mesmo se progressivamente se afasta do conceito de Deus.

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No final do século XVII, a Inglaterra havia feito uma revolução e derrocado seu rei pela força de um movimento de ampla base social, amparado por idéias políticas consistentes e de grande fecundidade. Além de representar um precedente político perigoso para os defensores do absolutismo monárquico, e justamente devido a tal ineditismo, estes fatos pareciam indicar uma experiência histórica claramente original. Por ambos os motivos, eles deveriam ser objeto de uma reflexão capaz de desvendar o seu sentido. Será que a história não estava mais se repetindo e, sim, instaurando algo radicalmente novo?
Que significado poderia ter então o seu estudo, até ali cultivado como fonte de exemplos e mestre do presente? É no contexto destes debates, dessa busca de sentido, que começa a surgir a filosofia da história. Pela grande força do cristianismo, entretanto, a princípio tal empreendimento recorreu ainda à tradicional imagem cristã da Providência divina para explicar a ordem existente por trás do caos dos negócios humanos, para descobrir a intenção oculta nesse ordenamento sutil e, daí, oferecer o ensinamento necessário ao bom governo do mundo atual. Superou-se, assim, a imagem cíclica do tempo histórico, predominante desde o Renascimento, com a retomada de uma concepção linear, estendida entre os marcos temporais do começo (Criação do homem por Deus) e do fim (Juízo Final). Nenhum fato teria sido casual nem simplesmente condicionado por forças cegas de tipo natural e, sim, definido pela intenção divina, com um sentido assinalado pela posição ocupada por ele na ordem absoluta do desdobrar da Sua vontade.
Desse modo, inclusive aquilo que aparentava ser um mal, certamente acabaria se revelando como um bem para a humanidade, seja como castigo divino a ser compreendido, seja como causa indireta de um bem maior no futuro do que teria vindo com a não ocorrência do mal. A força de semelhante idéia era tanta que praticamente toda a tradição alemã da filosofia da história, – de Leibniz a Hegel, passando por Kant – de um modo ou de outro adere a ela, elaborando uma concepção de teodicéia, mesmo se progressivamente se afasta do conceito de Deus.

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