
É muito curiosa a proximidade entre os quadrinhos e a arquitetura. Ambos têm no desenho sua forma de expressão; nos quadrinhos, representando as sequências e rupturas espaciais; na arquitetura, a virtualidade da representação espacial. Contudo, muito acima desses fatores meramente técnicos, o que leva o arquiteto ao encontro do quadrinista é a possibilidade de criação ilimitada de mundos, universos, contextos sociais, personalidades e personagens que atuarão nesse espaço irreal.
O lado mais interessante desses dois artistas do traço é o exercício de seu espírito lúdico. Como não associar os quadrinhos aos jogos infantis, com suas representações imaginárias de mocinhos e bandidos, esconderijos, casas de bonecas, castelos encantados e mundos de assombração? O arquiteto não estaria fazendo o mesmo ao projetar cidades, condomínios, fábricas e residências que imaginar labirintos e minotauros, jogos de armar e de tabuleiros?
Se por um lado o arquiteto tem um objetivo claro, que deve responder à funcionalidade de sua criação, é justamente nos quadrinhos onde ele pode exercer todo seu potencial imaginativo. Seja na idealização de civilizações perdidas, seja na ambientação de espaços urbanos atuais, seja na invenção pura e simples de outros mundos, algo como uma ciência da antecipação.
Poder-se-ia dizer que esse caráter criativo, ou prospectivo, ou voltado à crônica do quotidiano, ou premonitório, não é um privilégio do quadrinista nem do arquiteto, mas que outras artes podem igualmente utilizar o mesmo campo de criação, a exemplo do teatro, e particularmente do cinema. No entanto, é nos quadrinhos onde os limites são inexistentes, nem físicos nem orçamentários, bastando para o artista a utilização de materiais rudimentares. De seu papel e lápis podem surgir palácios, máquinas fabulosas, planetas e civilizações distantes, as mais exuberantes construções, as invenções mais fantásticas.
Edgar Franco, arquiteto, quadrinhista, professor de Artes Visuais e pesquisador deve enxergar os quadrinhos como o espaço dessas possibilidades por meio de seu universo mítico, poético, surreal e filosófico. Com o livro História Em Quadrinhos E Arquitetura Edgar nos mostra com maestria como a interseção dessas duas artes pode ser fecunda.












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Caro Felipe,
A versão digital do livro não está mais disponível para download direto, no entanto encontramos a seguinte informação no blog Esquadrinhando HQ: Um dos livros mais procurados do catálogo da editora Marca de Fantasia é História em Quadrinhos e Arquitetura, ensaio do pesquisador Edgar Franco. Há muito esgotado, o livro retorna em versão digital, enriquecido por imagens em cores e pela facilidade de visualização e navegação. Esta edição eletrônica é um presente do autor e da editora, pois está sendo distribuída gratuitamente em formato PDF; basta que se faça o pedido pelo e-mail da editora que o livro será enviado virtualmente.