
David Foster Wallace, nascido em 1962 em Ithaca (Nova York), foi um dos narradores mais influentes do panorama literário internacional das últimas décadas, e sua principal obra, Graça Infinita, um romance que transborda as mil páginas e incorpora mais de 400 notas, as quais constituem outras tantas ramificações tentaculares da narração central, representou um marco na história da literatura recente.
Transformado em um mito que transcende a esfera literária, sua influência sobre narradores de todas as latitudes só fez aumentar com o transcurso do tempo.
Os Estados Unidos e o Canadá já não existem: eles foram substituídos pela poderosa Onan, a Organização de Nações Norte-Americanas. Uma enorme porção do continente se tornou um depósito de lixo tóxico. Separatistas quebequenses praticam atos terroristas e a contagem dos anos foi vendida às grandes corporações.
Graça Infinita foi o último grande romance do século XX e teve um impacto duradouro e ainda difícil de ser aferido. Ora cômico, ora doloroso, ele encapsulou uma geração ligada à ironia e ao entretenimento, mas desconectada da imaginação, da solidariedade e da empatia.
No romance, seguimos os passos dos irmãos Incandenza – membros da família mais disfuncional da literatura contemporânea -, conforme tentam dar conta do legado do patriarca James Incandenza, um cientista de óptica que se tornou cineasta e cometeu suicídio depois de produzir um misterioso filme que, pela alta voltagem de entretenimento, levava seus espectadores à morte.
Enquanto organizações governamentais e terroristas querem usar o filme como arma de guerra, os Incandenza vão se embrenhar numa cômica e filosófica busca pelo sentido da vida.
Graça Infinita dobra todas as regras da ficção sem jamais sacrificar seu próprio valor de entretenimento. É uma exuberante e original investigação do que nos torna humanos – e um desses raros livros que renovam a ideia do que um romance pode ser.
