Fazendo Gênero Na Historiografia Baiana – Fazer gênero, no senso comum, é tentar “passar por”. Não é essa, porém, a conotação que queremos dar ao título da coletânea que ora apresentamos. “Fazer”, aqui, implica em “realizar”, “criar” e, no sentido mais restrito, “introduzir” uma nova forma de pensar, neste caso, a historiografia baiana. Queremos, sim, repensá-la a partir de um enfoque de gênero.
Não é segredo que, desde os anos 70, com a retomada do projeto feminista, estudos sobre mulheres e relações de gênero passaram a ganhar espaço nas ciências sociais e humanas, lançando novos olhares para a vida social tanto no presente quanto no passado. Constatou-se, dessa maneira, o grande silêncio existente sobre as vivências e experiências femininas, empenhando-se esforços, em todos os sentidos, na busca do registro e o preenchimento das lacunas percebidas.
Foi surgindo, assim, um novo campo de reflexões que se convencionou denominar “História das Mulheres”. No bojo desse processo, foram sendo introduzidos novos problemas e questões para a investigação e análise históricas, que implicaram, por sua vez, no emprego de fontes alternativas, abordagens e estratégias metodológicas não-convencionais e, em especial, em novas categorias analíticas com destaque para a categoria “gênero”.
Referindo-se, em linhas gerais, às construções sociais sobre as diferenças percebidas entre os sexos, “gênero” tornou-se, em tempo, objeto maior das reflexões feministas. E isso porque, para além de uma simples categoria analítica, “gênero” é também uma categoria histórica, na medida em que se materializa nas pessoas, transformando-as em “homens” ou “mulheres”.
Nessa concepção, “ser homem” ou “ser mulher” deixa de ser uma condição puramente biológica, tornando-se produto de determinações sociais, econômicas, políticas e ideológicas e, assim, resultado de determinações historicamente específicas, passíveis de investigação.
É, pois, dentro dessa perspectiva, que “fazer gênero na historiografia baiana” significa revisitá-la tendo como fio condutor um olhar questionador quanto à História Tradicional, fazendo emergir as relações de gênero e as experiências femininas e masculinas nelas tecidas ao longo da nossa história. Trata-se, na verdade, de um caminho que, no panorama nacional, vem há anos sendo traçado com determinação e o devido reconhecimento, mas que, no caso da Bahia, ainda está por ser desbravado com maior vigor.
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