Carlos Drummond De Andrade – Versiprosa
A sensibilidade do poeta e a argúcia do cronista reunidos numa das obras mais originais de Carlos Drummond de Andrade.
Versiprosa é composto por “crônicas que transferem para o verso comentários e divagações da prosa”, conforme esclarece o próprio Drummond.
O resultado é uma dicção literária original, pronta a decifrar o cotidiano e propor um enquadramento inquieto do Brasil das décadas de 1950 e 1960.
Em possível diálogo com o exemplo de Machado de Assis, que também publicou crônicas em verso, o escritor itabirano apresenta, nos mais de cem textos reunidos no volume, uma voz sensível e mordaz, que persegue com tenacidade as novidades e assombros de seu tempo.
Escolado nos diversos assuntos propostos pelo noticiário, o cronista-poeta de Versiprosa forja uma linguagem espirituosa, cuja agilidade se propõe a tomar o pulso à atualidade com graça e leveza.
Versiprosa, palavra não dicionarizada, como tantas outras, acudiu-me para qualificar a matéria deste livro. Nele se reúnem crônicas publicadas no Correio da Manhã e em outros jornais do país; umas poucas, no Mundo Ilustrado.
Crônicas que transferem para o verso comentários e divagações da prosa. Não me animo a chamá-las de poesia. Prosa, a rigor, deixaram de ser. Então, Versiprosa.
Quero lembrar que as farpas dirigidas nestes escritos à ação de políticos jamais filtraram paixão ou interesse partidário nem assumiram cunho pessoal.
Exprimiram a reação de um observador sem compromisso, que há muito se desligou de ilusões políticas, e, geralmente, prefere falar de outras coisas mais gratas entre o céu e a terra.
Carlos Drummond De Andrade nasceu em Itabira (MG), em 1902. Estreou em 1930, com Alguma Poesia, e nos cinquenta anos seguintes publicou obras como Sentimento Do Mundo, A Bolsa & A Vida, A Rosa Do Povo, Claro Enigma, Amar Se Aprende Amando e outros. Morreu no Rio de Janeiro em 1987, aos 84 anos.
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