
Angela Davis e Naomi Klein, reconhecidas ativistas feministas de esquerda, protagonizaram um importante debate on-line sobre os rumos da globalização durante e após a pandemia de covid-19, organizado pela Rising Majority. A elas se juntaram – a partir de diversas localidades nos Estados Unidos e na África do Sul – Cindy Wiesner (Grassroots Global Justice), Maurice Mitchell (Working Families Party) e Loan Tran (Southern Vision Alliance). O evento aconteceu no dia 2 de abril de 2020.
A troca de ideias foca temas essenciais de como a doença atinge em especial os pobres, os negros e as mulheres ao redor do mundo. Isso se dá mesmo no interior de países ricos, a exemplo do que acontece com a população carcerária dos Estados Unidos, largamente atingida pela crise e na sua maioria composta por latinos e afrodescendentes.
Segundo Thenjiwe McHarris (Blackbird), mediadora virtual, “estamos sob ataque do capitalismo racial, realidade em que o interesse de executivos, corporações, acionistas e alguns ricos vale mais que a vida de bilhões de pessoas – e até mesmo que o próprio planeta”.
O Brasil também ganha destaque entre as participantes. Naomi Klein aponta que “vemos Viktor Orban, na Hungria; Jair Bolsonaro; Benjamin Netanyahu; e o próprio Trump – todos eles fazendo manobras autoritárias para garantir mais poder de controle”.
E, ao fim, Angela Davis sublinha: “Estou preocupada com o fato de que, no Brasil, a situação é muito pior que aqui – sem falar nas semelhanças entre os dois presidentes. Mas eu acredito que nós, dos Estados Unidos, podemos encontrar em lugares como o Brasil e a África do Sul vozes que almejem sair criativamente desta crise”.
Segundo a página da Rising Majority na internet, a organização surgiu em 2017 como “uma coalizão que busca desenvolver uma estratégia coletiva e uma prática compartilhada que envolve trabalho, juventude, abolição, direitos dos imigrantes, mudança climática, feminismo, movimentos antiguerra/anti-imperialistas e por justiça econômica”. Thenjiwe McHarris acrescenta tratar-se de um coletivo de organizações e movimentos de vários setores, empenhado em construir uma esquerda comprometida com a democracia radical e que, além de anticapitalista, seja antirracista.











