
Diante da pluralidade de interpretações acerca do fenômeno da violência e na emergência de tal discussão, iniciamos estudos acerca do tema com a disciplina Violência em tempos sombrios, oferecida no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da PUC-Minas; o nome é uma alusão à obra de Hannah Arendt (Homens em tempos sombrios), autora que evita tratar a violência como fenômeno em si mesmo, posicionando-se enfaticamente como contrária a qualquer forma de violência.
Além dos integrantes do grupo, mestrandos e doutorandos do Programa, participaram convidados que ampliaram as discussões acerca dessa problemática. Reunimos, em Faces Da Violência Na Contemporaneidade, o resultado dessas discussões.
Devido à complexidade do tema, optamos por dividir a obra em três seções. Em um primeiro momento é discutida uma possível conceitualização da violência. Para tanto, buscamos discussões acerca da origem, a episteme da violência e sua relação com o ethos contemporâneo.
A segunda seção, intitulada Violência, mal-estar e contemporaneidade busca pensar a violência na atualidade, considerando sua incidência no psiquismo.
Ao final é abordada a dimensão social da violência. Temas como criminalidade, violência nas relações familiares e a violência presente na prática diagnóstica do sistema classificatório DSM são discutidos e problematizados.
Entendemos que na experiência clínica é necessária uma leitura do tempo atual, da época contemporânea e seus entraves. A clínica é marcada por traços deste tempo, começando pela própria demanda, que reflete o lugar da psicanálise nessa contemporaneidade, e também pelo sujeito que traz marcas desse tempo.
Falamos da possibilidade de aproximação entre diagnóstico, atividade imprescindível para a clínica, e crítica social. Ambos procuram identificar causas, discernir motivos e nomear razões para o mal-estar.
A clínica nos confronta incessantemente com as repercussões desses acontecimentos, a angústia oriunda da exposição da violência e da incompreensão ante as grandes tragédias. Na clínica, é preciso uma escuta voltada não só para os traumas constitutivos do sujeito como também para esses medos reais de um cotidiano frequentemente atravessado pela violência.
É o que propomos neste livro. Boa leitura!
