O conto é um gênero marcante e recorrente na literatura do Paraná, a partir de uma tradição inaugurada ainda no século XIX e consolidada por Dalton Trevisan, que há mais de 50 anos escreve e publica ininterruptamente. Autores contemporâneos, mesmo os que se dedicaram ao romance e à poesia, também transitaram pela narrativa breve.
Jamil Snege, Manoel Carlos Karam, Valêncio Xavier e Wilson Bueno deixaram contos em meio aos seus legados experimentais, assim como Luci Collin, Cristovão Tezza, Miguel Sanches Neto e Domingos Pellegrini, entre tantos outros, que seguem produzindo narrativas curtas.
Levando em consideração essa tradição, a Biblioteca Pública do Paraná, por meio do jornal Cândido, selecionou contos de autores entre 18 e 30 anos, nascidos ou radicados no Estado. Foram selecionados textos de Andressa Barichello, Bolívar Escobar, Bruno Cobalchini Mattos, Bruno Vicentini, David Ehrlich, Gabriel Protski, Guy Fausto, Kayo Augustos, João Paulo Marcowicz, Luis Felipe Ferrari, Mateus Ribeirete, Marco Aurélio de Souza, Marceli Mengarda, Murilo Lopes e Wilame Prado.
O título desta antologia é inspirado na fundamental coletânea de ideias Formas breves, de Ricardo Piglia. Em um dos ensaios, “Novas teses sobre o conto”, o escritor argentino reflete sobre o tempo de gestação de uma obra literária.
Para ele, a “espera” até que um conto ou romance seja iniciado é tão fundamental quanto outros elementos da escrita de ficção. Em outras palavras, Piglia diz que a experiência do autor como ser humano — e toda carga sentimental inerente a essa existência — é um elemento crucial. “A arte é uma atividade impossível do ponto de vista social, porque seu tempo é outro, sempre se demora muito (ou muito pouco) para ‘fazer’ uma obra”, diz.
É a partir desta chave que os textos dos jovens autores aqui reunidos podem ser lidos. São contos de escritores em formação, alguns deles estreando em uma publicação, mas que buscam captar, com temáticas variadas, as marcas do nosso tempo: a efemeridade das relações, a autorreferência, os novos canais de informação e as discussões de gênero, por exemplo. E, se a dicção é a do século XXI, as narrativas tratam de questões atemporais, como solidão, incomunicabilidade, vício, desejo, perda, amor, morte e outros dramas humanos.
Os contos de 15 Formas Breves também dialogam, direta e indiretamente, com narrativas de mestres do gênero, como Anton Tchecov, Katherine Mansfield, Guy de Maupassant, Jorge Luis Borges, Machado de Assis, Clarice Lispector, Dalton Trevisan, Sérgio Faraco, Sérgio Sant’Anna e Antonio Carlos Viana — o que sinaliza que ninguém é uma ilha, muito menos estes 15 jovens autores que miram o passado e esboçam caminhos para o futuro.