No ano de 2009, organizamos uma obra coletiva sobre os principais intérpretes do Brasil, que resultou no livro Um enigma chamado Brasil. Naquela ocasião, nosso objetivo era mostrar, apoiados nas pesquisas de uma série de colegas sobre diferentes intelectuais brasileiros, como havia uma produção consistente nessa área e como o país sempre gerou textos provocativos e densos sobre si mesmo.
Constatamos, ao final, como um certo movimento pendular levava não só ao enaltecimento e à procura contínua por “identidades”, que definiam a nação a partir de uma suposta singularidade — a mestiçagem, a passividade, o abuso da esfera do privado —, mas também à condenação e mesmo à detração diante de um destino que insistia em não vingar. Foram 29 intelectuais analisados, num esforço de grupo por levantar nomes fundamentais desse acervo vivo, sempre que lido e acionado no dia a dia.
No entanto, já naquele contexto, fomos nos convencendo da importância de um livro que pudesse complementar o primeiro, a partir de outro tipo de recorte: a ideia agora não é seguir intelectuais, mas antes temas da nossa agenda nacional; não tanto as teorias, mas as práticas, assuntos e questões que vêm contribuindo para desenhar projetos de nacionalidade, intencionais ou não.
O livro que o leitor tem em mãos apresenta, assim, alguns dos temas intelectuais, mas também culturais, sociais, econômicos e políticos, mais recorrentes na agenda brasileira de discussão e ação, bem como outros que vêm ganhando atenção apenas mais recentemente.
A intenção, também desta vez, não é esgotar possibilidades, mas animar o debate e mapear um repertório de questões que vêm interpelando nossa realidade, de maneira por vezes constante ou apenas atual. Se os dois livros são complementares, eles, porém, não se repetem, a despeito, inclusive, de alguns autores estarem presentes em ambas as obras e de referências a alguns intérpretes do Brasil reaparecerem em vários momentos.
O recorte por temas, que aqui apresentamos, traz a vantagem, paralela e complementar, de abrir a discussão para além do registro biográfico da apresentação autoral.
Naturalmente, se a referência aos autores que tomaram parte dos debates sobre os diversos assuntos selecionados torna-se facultativa, neste tipo de recorte, isso não significa que as interpretações possam existir acima das relações sociais, ou independentes de seus portadores sociais — sejam eles acadêmicos, intelectuais públicos, artistas, militantes ou outros atores sociais.
Agenda Brasileira: Temas De Uma Sociedade Em Mudança
- Ciências Sociais, Economia
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