
O Centro Popular De Cultura Da UNE foi um movimento cultural que entre os anos de 61 a 64, no Rio de Janeiro, pretendeu contribuir para a execução das chamadas Reformas de Base do Governo João Goulart e para a esperada Revolução Brasileira . Como meio de atingir seus objetivos, esse movimento cultural atuou em diversos setores de produção cultural: cinema (Cinco vezes favela e Cabra marcado para morrer), música (LP O Povo Canta), teatro (entre diversas, Auto dos 99%, Brasil – Versão Brasileira, e A mais-valia vai acabar, seu Edgar) além de publicações de caráter pedagógico, como os Cadernos do Povo.
A produção cepecista, assim, era engajada, assumidamente politizada, sendo seu ideário herdeiro da chamada Ideologia do Desenvolvimento. Essa ideologia era um conjunto de conceitos e preposições, produzidas por intelectuais do Instituto Superior de Estudos Brasileiros, que visavam preparar o país para a passagem de uma sociedade rural e agrária a uma urbana e industrial.
Entretanto, da formação de teorias e conceitos em uma instituição destinada a esse fim, à incorporação dessas mesmas teorias e conceitos por um grupo de produtores culturais, há um processo de “filtragem” que se revela em alguns momentos em que a produção artística ultrapassa a produção teórica, seja contestando-a, seja revelando aspectos que não foram diretamente abordados.
A vantagem da produção cultural para a produção teórica, nesse caso, é a ilustração de uma vivência em que determinadas teorias podem ser testadas. Além disto, a produção artística, enquanto cultural é mais flexível e está menos comprometida com ortodoxias teóricas, não necessitando estar comprometida com esta ou aquela corrente de pensamento.
No Capítulo 1 – A história do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes abordei a História do Centro Popular De Cultura. Origem no Teatro de Arena e motivo de ruptura, aproximação com o ISEB e o contexto nacional e internacional buscando entender o Centro Popular De Cultura no ‘clima’ do espaço e tempo da primeira metade dos anos sessenta, como a fragilidade da democracia tutelada por militares e as expectativas, criadas após Revolução Cubana, tanto na direita quanto na esquerda, de uma revolução na América Latina.
No segundo capítulo, A identidade nacional no ISEB, tratei dos Conceitos formulados no ISEB: Povo, Nação, Imperialismo. Como estes conceitos se relacionam. Referências a Origem do ISEB e suas fases. Teoria do Desenvolvimento e sua implicação em uma concepção linear e escatológica
de história.
Já no terceiro, CPC – Cinema e Canção:Filme e música: iniciei com uma breve história do cinema e da canção engajada no Brasil (Cinema Novo e canção de protesto com sua ruptura com a Bossa Nova). A análise das imagens do filme Cinco vezes favela e do discurso das canções do LP “O povo canta”, buscando concordâncias e rupturas com os conceitos isebianos de povo, revolução e nação.
O capítulo 4 – O povo, a nação e a revolução no teatro do CPC da UNE: O teatro do Centro Popular De Cultura, é a análise dos personagens e dos enredos das principais peças de teatro. A referência para as questões estéticas do teatro Bertold Brehct, principalmente na questão do engajamento. Está também presente neste capítulo a análise dos conceitos implícitos ou explícitos nas peças, buscando rupturas ou permanências com os conceitos do ISEB.











