As toxicomanias têm sido foco de atenção de muitas pesquisas, notadamente daquelas que se esforçam por investigar o laço intrínseco do fenômeno das drogas com a modernidade.
Nos diversos estudos que abordam as toxicomanias, desde a Antropologia até a Medicina, constatamos que a relação do sujeito com as drogas não circunscreve um fenômeno legitimado apenas pelo discurso da contemporaneidade.
Desde as antigas civilizações, temos conhecimento do uso das propriedades alucinógenas de algumas substâncias, com finalidades místicas, celebrativas, curativas até. É evidente que, ao termos acesso a tais informações, também verificamos que a modalidade, regularidade e escolha do tóxico estão atreladas a determinados ordenamentos do saber, a leis que, em última instância, respondem por uma lógica particular a cada cultura.
Como diz Bucher: “Aí, a droga faz parte de um contexto cultural estrutural (e estruturante) para os seus membros.
Ela se insere intencionalmente em projetos sociais cujas normas são transmitidas de gerações a gerações”.
Na trilha das pesquisas científicas acerca das propriedades químicas das substâncias psicoativas, encontramos Freud e alguns de seus discípulos, como Glover – este, com uma contribuição pioneira acerca dos chamados estados-limites ou estados-transicionais -, Gross e Ferenczi.
É ilustrativa, nesse período, a tentativa de Freud de empreender uma leitura psicanalítica baseada nas características dos efeitos de algumas substâncias, como, por exemplo, a cocaína.
Certamente, constatamos a incidência de várias formações constituindo uma montagem sobre a toxicomania, tais como a perversão, a melancolia ou os estados maníacos, porém, consideramos como pressuposto a inexistência de uma categoria nosográfica específica para o ato toxicômano, classificação essa mais afeita à querela dos diagnósticos do que à discussão emfiligrana da especificidade do sujeito toxicômano.
Se nos debruçarmos sobre os estudos realizados nos mais diversos campos do conhecimento, constataremos que o estatuto da droga sempre caminhou na direção da solução para o malestar na civilização, através dos saberes da Psiquiatria, da Psicofarmacologia, da Bioquímica e da Genética.
Nos anos 1950, o apogeu da indústria psicofarmacológica moderna configurou um novo reflorescimento do fascínio que esse conhecimento oferecia àqueles que anteviam nos psicotrópicos um alento, ou mesmo a solução cabal, para as infelicidades ou desordens das paixões movidas pelas variações das intensidades psíquicas.
Toxicomanias: Uma Abordagem Psicanalítica
- Biologia, Medicina, Psicologia
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