Escravos Da Desigualdade: Um Estudo Sobre O Uso Repressivo Da Força De Trabalho Hoje

Era o ano de 1967, mês de julho, quando as águas começavam a baixar e o Araguaia mostrava suas ilhas de areia branca e suas margens verdes sacudidas pelo incrível revoar das garças.

Pelo rio vinha deslizando uma canoa e, dentro dela, um trabalhador, sob a mira das armas de dois outros homens trazido como fugitivo, ia ser entregue ao encarregado da fazenda de onde escapara. Quem poderia imaginar que a cena fosse apenas a ponta de um imenso iceberg que, nos anos seguintes, iria-se revelando aos nossos olhos estarrecidos, levando de roldão, Brasil afora, homens, mulheres e crianças, contingentes enormes de jovens trabalhadores, famílias inteiras, num contar sem fim de trágicas histórias, muita luta e renovadas formas de incansável resistência?
Este livro conta algumas histórias, dessa e de outras partes do Brasil e do mundo. Não as conta para denunciar - outros têm feito isso e muito bem. Conta para tentar compreender relações registradas sob os nomes de "escravidão", "semi-escravidão", "trabalho forçado" e outros termos similares.
Não se trata somente de identificar essas relações a partir de definições já estabeleci das nas convenções internacionais, expressas em códigos legais nacionais ou elaboradas nos trabalhos de especialistas. A multiplicidade e variação dos termos utilizados indica que os critérios de classificação estão em discussão tanto no campo político-ideológico quanto no que diz respeito ao seu enquadramento na legislação trabalhista e nos códigos de defesa dos direitos humanos. Há concepções, às quais não tem sido dada a devida atenção, que se expressam no pronunciamento de diversos atores e que não estão referidas nem nas definições legais já conhecidas nem nas análises de especialistas.
Há muitas questões em torno do tema. Algumas serão postas, nem todas terão respostas definitivas. Será preciso continuar a pesquisar e a dialogar. A primeira barreira a ultrapassar é a das classificações, dos nomes.
As classificações se fazem de acordo com o contexto, os critérios e as posições dos diversos atores envolvidos ou que se pronunciam em cada caso. É mais provável que entidades de defesa de direitos humanos, representantes de organizações de trabalhadores, trabalhadores e seus advogados concordem entre si quanto à caracterização e ao enquadramento legal de uma situação.

 

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