
A obra Bordando O Manto Do Mundo: Práticas Jornalísticas, de Mayra Rodrigues Gomes, retoma dois pilares da atividade periodística presentes desde seu início mais remoto e romântico, dos textos mais opinativos e autorais a textos estruturados a partir de leads estritos, do texto escrito ao audiovisual.
Uma delas é faceta valorizada, desejada e ideal e outra segue sendo obscurecida e, de certo modo negada, na tentativa de neutralidade e no apagamento das marcas da linguagem e da autoria. Trata-se, de um lado, de uma certa função social do jornalismo e, de outro, seu efeito disciplinar; o primeiro, um ideal e o segundo, um resultado.
Bordando O Manto Do Mundo: Práticas Jornalísticas está dividido, assim, em duas partes, realizando uma abordagem, que representa também dois percursos teóricos sobre a prática da narrativa jornalística, quem sabe também estruturando dois objetos de pesquisa diferentes sob o mesmo nome, o jornalismo, numa variação por recorte em cima da mesma prática: temos, de um lado, os caminhos da construção de uma palavra de ordem de inspiração foucaultiana e, de outro, a defesa de liberdades e dos direitos humanos, discurso presente e constante nas recuperações críticas sobre o jornalismo e nos relatos feitos em nome da mesma prática. Eis os descaminhos da Constância das narrativas jornalísticas, em sua constância encaminhada e encadeada e narrativa perdida e desencantada.
O texto introdutório a este volume assenta a base geral em que a prática jornalística é entendida aqui, aquela das narrativas e das representações articuladas por ela. Ou seja, há um entendimento de que o dito jornalístico não reproduz a realidade, mas a reporta em suas narrativas, recuperando, trabalhando, reforçando e repondo o material resistente das representações imersas na linguagem na busca de organizar o todo da vida e do mundo.











