Pelo Sertão, O Brasil

Pelo Sertão, O Brasil demonstra o quanto ganhamos na compreensão das obras literárias quando somos capazes de retirá-las de confinamentos disciplinares.

Os artigos que o leitor encontrará a seguir são, na sua maior parte, frutos de trabalhos de aproveitamento para uma disciplina chamada “Literatura e Sociedade”, ministrada no programa de pós-graduação em teoria e história literária da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no segundo semestre de 2015. A proposta da disciplina era discutir as interseções entre romance e pensamento social no Brasil.

Partimos de um pressuposto crítico, com fortes ressonâncias na tradição dos estudos literários brasileiros, que identificava no romance uma forma de interpretação do Brasil que nada ficaria a dever àquelas produzidas pelos famosos hermeneutas da nação – gente como Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Paulo Prado, Darcy Ribeiro, Oliveira Vianna e Caio Prado Jr.

Deve-se ressaltar que os artigos deste livro não se fiam numa ingênua ideia da literatura enquanto reflexo da realidade. Não há, nos textos a seguir, qualquer concepção de uma realidade brasileira prévia e acabada à espera de algumas narrativas para ser descoberta. Os romances e ensaios analisados tecem e cristalizam representações sobre o Brasil que têm repercussões até os dias de hoje.

Em certa medida, podemos dizer que são obras que ajudaram a inventar a imagem que temos hoje do Brasil, ao invés de simplesmente revelar o Brasil como um ente fixo e preexistente às narrativas sobre o país. Mobilizando discursos sociológicos, antropológicos e políticos, essas produções culturais criaram angulações novas para examinar problemas antigos e suscitaram questões inesperadas. O leitor encontrará nos artigos uma moldura dialógica de análise, que estuda as obras literárias num contexto discursivo o mais amplo possível.

Não é por acaso que o título do livro é Pelo Sertão, O Brasil. O sertão é um topos do pensamento social e da literatura brasileira. Imaginado como o heartland da nação, não se pode pensar a parte (sertão) sem nos referirmos aos grandes impasses ideológicos do todo (Brasil). O tema do sertão está no longo levantamento feito por Camila Teixeira Lima sobre as inúmeras representações criadas em torno da região.

Pelo Sertão, O Brasil é uma coleção de artigos de jovens críticos literários que demonstra o quanto ganhamos na compreensão que temos das obras literárias quando somos capazes de retirá-las de confinamentos disciplinares e passamos a pensar a literatura em conjunto com outros discursos e outras disciplinas. Pela literatura conhecemos o Brasil. Não um Brasil refletido nas letras, mas um Brasil inventado, um Brasil desejado, um Brasil problematizado, um Brasil que deveria ser mas não é, um Brasil que é mas não deveria ser, enfim, um Brasil reimaginado pela literatura.

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Pelo Sertão, O Brasil demonstra o quanto ganhamos na compreensão das obras literárias quando somos capazes de retirá-las de confinamentos disciplinares.

Os artigos que o leitor encontrará a seguir são, na sua maior parte, frutos de trabalhos de aproveitamento para uma disciplina chamada “Literatura e Sociedade”, ministrada no programa de pós-graduação em teoria e história literária da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no segundo semestre de 2015. A proposta da disciplina era discutir as interseções entre romance e pensamento social no Brasil.

Partimos de um pressuposto crítico, com fortes ressonâncias na tradição dos estudos literários brasileiros, que identificava no romance uma forma de interpretação do Brasil que nada ficaria a dever àquelas produzidas pelos famosos hermeneutas da nação – gente como Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Paulo Prado, Darcy Ribeiro, Oliveira Vianna e Caio Prado Jr.

Deve-se ressaltar que os artigos deste livro não se fiam numa ingênua ideia da literatura enquanto reflexo da realidade. Não há, nos textos a seguir, qualquer concepção de uma realidade brasileira prévia e acabada à espera de algumas narrativas para ser descoberta. Os romances e ensaios analisados tecem e cristalizam representações sobre o Brasil que têm repercussões até os dias de hoje.

Em certa medida, podemos dizer que são obras que ajudaram a inventar a imagem que temos hoje do Brasil, ao invés de simplesmente revelar o Brasil como um ente fixo e preexistente às narrativas sobre o país. Mobilizando discursos sociológicos, antropológicos e políticos, essas produções culturais criaram angulações novas para examinar problemas antigos e suscitaram questões inesperadas. O leitor encontrará nos artigos uma moldura dialógica de análise, que estuda as obras literárias num contexto discursivo o mais amplo possível.

Não é por acaso que o título do livro é Pelo Sertão, O Brasil. O sertão é um topos do pensamento social e da literatura brasileira. Imaginado como o heartland da nação, não se pode pensar a parte (sertão) sem nos referirmos aos grandes impasses ideológicos do todo (Brasil). O tema do sertão está no longo levantamento feito por Camila Teixeira Lima sobre as inúmeras representações criadas em torno da região.

Pelo Sertão, O Brasil é uma coleção de artigos de jovens críticos literários que demonstra o quanto ganhamos na compreensão que temos das obras literárias quando somos capazes de retirá-las de confinamentos disciplinares e passamos a pensar a literatura em conjunto com outros discursos e outras disciplinas. Pela literatura conhecemos o Brasil. Não um Brasil refletido nas letras, mas um Brasil inventado, um Brasil desejado, um Brasil problematizado, um Brasil que deveria ser mas não é, um Brasil que é mas não deveria ser, enfim, um Brasil reimaginado pela literatura.

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