
Abrir o livro Práticas Grupais: Espaço De Diálogo E Potência é tarefa que exige responsabilidade e, ao mesmo tempo, orgulho e alegria. Revela, fundamentalmente, muita implicação.
Isso porque, a primeira autora foi minha orientanda no mestrado e no doutorado e a segunda, foi minha orientadora no mestrado e no doutorado. Eliane e Bader, minhas queridas inspirações por meio das quais este livro se fez vida, desafiaram-me para a tarefa dessa escrita. Um pouco delas, um pouco de mim, um pouco delas em mim.
Inicio o Prefácio afirmando que o estudo dos grupos sempre interessou a psicologia social, como bem mostram nossas autoras. Passados aproximadamente 70 anos que essa disciplina se tornou independente, estamos criando e dando visibilidade a novas leituras e novas compreensões sobre as características e a potência do estudo dos grupos.
Tenho defendido que temas como “grupos”, “coletivos” e “comum” – só para citar alguns -, são fundamentais para a produção de conhecimento e de intervenção a partir da psicologia social, permeado por diferentes leituras em meio a múltiplos contextos de intervenção.
Nossas práticas, a exemplo de nossos fazeres nas políticas de assistência social, pautam-se na criação e no fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, como forma do fortalecimento de grupos e, por meio deles, criar enfrentamentos as diferentes maneiras de se viver o sofrimento ético-político.
Práticas Grupais traz uma pequena história da inserção desse conceito no campo, mas, primordialmente, traz uma forma problematizadora de abordá-lo, uma forma que potencializa suas características e, ao mesmo tempo, põe em diálogo conceitos fundamentais, por meio dos quais constrói sua objetivação e abre o horizonte do seu campo de possíveis.
Ao chamar de Práticas Grupais, traz seu caráter de atuação e marca a necessidade de abordá-lo em suas dissidências e, ainda assim, ao mesmo tempo, no seu caráter de produzir bons encontros.
Uma das questões mais interessantes que encontramos nesse livro e que nos seduz em demasia é a ideia de que os grupos produzem zonas reais de desenvolvimento e zonas de desenvolvimento iminente.
Essa ideia de origem vigotskiana de que, por meio da mediação, podemos superar a nós mesmos, é uma das ideias mais brilhantes que se poderia desenvolver, o que traz como consequência que singularidades e coletividades se constituem como um constante vir a ser, tendo a mediação do outro como trampolim na superação de um estado ao outro.
Depois de Vigotski, Sartre, mesmo sem ter tido acesso a obra vigotskiana, investiu intensamente na ideia de que o humano é um movimento constante de tornar-se outro e além de si mesmo, afirmando que é justamente esse movimento que lhe dá a inteligibilidade do presente. É preciso compreender esse movimento e levá-lo do singular ao coletivo e deste a singularidade novamente.











