Reflexões Sobre Um Século Esquecido (1901-2000)

Em Reflexões Sobre Um Século Esquecido (1901-2000), Tony Judt nos previne sobre a tentação de ver o século XX como uma era de extremos políticos, de erros trágicos e de escolhas impensadas; uma época de ilusões à qual conseguimos sobreviver.
Os ensaios de Reflexões Sobre Um Século Esquecido foram escritos no decorrer de um período de 12 anos, entre 1994 e 2006.
Cobrem um amplo espectro temático — desde os marxistas franceses à política externa americana, da globalização econômica à memória do mal — e abrangem da Bélgica a Israel, em termos geográficos.


Mas eles apresentam duas preocupações dominantes. A primeira é o papel das ideias e a responsabilidade dos intelectuais: o ensaio mais antigo aqui reproduzido discute Albert Camus; o mais recente trata de Leszek Kołakowski. Minha segunda preocupação é com o papel da história recente em uma era de esquecimento: a dificuldade que parecemos ter para compreender o turbulento século que acabou há pouco, e aprender algo com ele. Os dois temas estão, é claro, intimamente relacionados. E mantêm um vínculo profundo com o momento em que foram escritos.
Nas décadas vindouras, creio, voltaremos a atenção para a meia geração que separa a queda do comunismo em 1989-91 da catastrófica ocupação americana no Iraque como os anos que o gafanhoto comeu: uma década e meia de oportunidades desperdiçadas e incompetência política de ambos os lados do Atlântico.
Munidos de muita confiança e pouca reflexão, deixamos o século XX para trás e caminhamos seguros para seu sucessor, bitolados por meias verdades oportunas: o triunfo do Ocidente, o final da História, o momento unipolar americano, a inelutável marcha da globalização e do livre mercado.
Em nosso entusiasmo maniqueísta ocidental, nos apressamos sempre que possível a dispensar a bagagem econômica, intelectual e institucional do século XX e encorajamos outros a agir assim. A crença de que aquilo passou e isto acontece agora, de que tudo que precisamos aprender do passado é não repeti-lo, abrange muito mais do que as instituições defuntas da Guerra Fria — o comunismo e sua membrana ideológica marxista.
Não só fracassamos em aprender muitas coisas com o passado — isso dificilmente seria notado —, mas passamos a insistir duramente — em nossos cálculos econômicos, em nossas práticas políticas, estratégias internacionais e até nas prioridades educacionais — na afirmação de que o passado nada tem de interessante a nos ensinar. Nosso mundo é novo, insistimos; seus riscos e oportunidades não conhecem precedentes.

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Em Reflexões Sobre Um Século Esquecido (1901-2000), Tony Judt nos previne sobre a tentação de ver o século XX como uma era de extremos políticos, de erros trágicos e de escolhas impensadas; uma época de ilusões à qual conseguimos sobreviver.
Os ensaios de Reflexões Sobre Um Século Esquecido foram escritos no decorrer de um período de 12 anos, entre 1994 e 2006.
Cobrem um amplo espectro temático — desde os marxistas franceses à política externa americana, da globalização econômica à memória do mal — e abrangem da Bélgica a Israel, em termos geográficos.
Mas eles apresentam duas preocupações dominantes. A primeira é o papel das ideias e a responsabilidade dos intelectuais: o ensaio mais antigo aqui reproduzido discute Albert Camus; o mais recente trata de Leszek Kołakowski. Minha segunda preocupação é com o papel da história recente em uma era de esquecimento: a dificuldade que parecemos ter para compreender o turbulento século que acabou há pouco, e aprender algo com ele. Os dois temas estão, é claro, intimamente relacionados. E mantêm um vínculo profundo com o momento em que foram escritos.
Nas décadas vindouras, creio, voltaremos a atenção para a meia geração que separa a queda do comunismo em 1989-91 da catastrófica ocupação americana no Iraque como os anos que o gafanhoto comeu: uma década e meia de oportunidades desperdiçadas e incompetência política de ambos os lados do Atlântico.
Munidos de muita confiança e pouca reflexão, deixamos o século XX para trás e caminhamos seguros para seu sucessor, bitolados por meias verdades oportunas: o triunfo do Ocidente, o final da História, o momento unipolar americano, a inelutável marcha da globalização e do livre mercado.
Em nosso entusiasmo maniqueísta ocidental, nos apressamos sempre que possível a dispensar a bagagem econômica, intelectual e institucional do século XX e encorajamos outros a agir assim. A crença de que aquilo passou e isto acontece agora, de que tudo que precisamos aprender do passado é não repeti-lo, abrange muito mais do que as instituições defuntas da Guerra Fria — o comunismo e sua membrana ideológica marxista.
Não só fracassamos em aprender muitas coisas com o passado — isso dificilmente seria notado —, mas passamos a insistir duramente — em nossos cálculos econômicos, em nossas práticas políticas, estratégias internacionais e até nas prioridades educacionais — na afirmação de que o passado nada tem de interessante a nos ensinar. Nosso mundo é novo, insistimos; seus riscos e oportunidades não conhecem precedentes.

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