A Noção De Cultura Nas Ciências Sociais

A Noção De Cultura Nas Ciências Sociais afirma-se como obra de significativo acolhimento em nosso meio, principalmente nos cursos relacionados à área das humanidades, sobretudo em razão da importância que o conceito de cultura adquiriu e continua adquirindo nesse campo de pesquisa.


Denys Cuche, sociólogo e antropólogo francês que trabalhou com Roger Bastide, começa definindo a cultura nos seguintes termos: "a noção de cultura é inerente à reflexão das ciências sociais. Ela é necessária, de certa maneira, para pensar a unidade da humanidade na diversidade além dos termos biológicos. Ela parece fornecer a resposta mais satisfatória à questão da diferença entre os povos". Assim, para o autor, a cultura refere-se à capacidade de o homem adaptar-se ao seu meio, mas também adaptar esse meio ao próprio homem; em suma, "a cultura torna possível a transformação da natureza", tornando-se um instrumento contra as explicações naturalizantes dos comportamentos humanos. Desse modo, pode-se dizer que "nada é puramente natural no homem", já que mesmo as funções humanas ligadas às suas necessidades fisiológicas são informadas pela cultura.
Na busca por reconstituir a gênese da noção de cultura, o autor se reporta ao século XVIII francês, época em que a palavra cultura adquire seu sentido moderno, referindo-se, naquele contexto, tanto à "educação do espírito" quanto à "civilização". Já no século XIX, agora num contexto alemão, o termo designa tudo o que é autêntico e contribui para o enriquecimento intelectual e espiritual, inaugurando (com o pensamento de Herder e a ideia de cultura como resultado da alma e do gênio de um povo) o conceito relativista da cultura.
A partir de então, o conceito de cultura começa a se afirmar cada vez mais, com a contribuição de Edward Tylor (a cultura como "expressão da totalidade da vida social do homem") e a dimensão coletiva da cultura, abordando os fatos culturais, pela primeira vez, sob uma ótica geral e sistemática; com a contribuição de Franz Boas, cuja obra é uma tentativa de pensar a diferença, que, para ele, é de ordem cultural e não racial (Boas substitui o conceito de raça pelo de cultura, que dava, de modo mais adequado, conta da diversidade humana); com a contribuição de Emile Durkheim, que vinculava a cultura à noção mais ampla de social, não sem adotar certo evolucionismo em suas posições, desenvolvendo a tese da consciência coletiva; e com a contribuição de Lucien Lévy-Bruhl, estudioso das culturas primitivas, colocando no centro de suas reflexões a ideia de diferença cultural.

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Denys Cuche, sociólogo e antropólogo francês que trabalhou com Roger Bastide, começa definindo a cultura nos seguintes termos: “a noção de cultura é inerente à reflexão das ciências sociais. Ela é necessária, de certa maneira, para pensar a unidade da humanidade na diversidade além dos termos biológicos. Ela parece fornecer a resposta mais satisfatória à questão da diferença entre os povos”. Assim, para o autor, a cultura refere-se à capacidade de o homem adaptar-se ao seu meio, mas também adaptar esse meio ao próprio homem; em suma, “a cultura torna possível a transformação da natureza”, tornando-se um instrumento contra as explicações naturalizantes dos comportamentos humanos. Desse modo, pode-se dizer que “nada é puramente natural no homem”, já que mesmo as funções humanas ligadas às suas necessidades fisiológicas são informadas pela cultura.
Na busca por reconstituir a gênese da noção de cultura, o autor se reporta ao século XVIII francês, época em que a palavra cultura adquire seu sentido moderno, referindo-se, naquele contexto, tanto à “educação do espírito” quanto à “civilização”. Já no século XIX, agora num contexto alemão, o termo designa tudo o que é autêntico e contribui para o enriquecimento intelectual e espiritual, inaugurando (com o pensamento de Herder e a ideia de cultura como resultado da alma e do gênio de um povo) o conceito relativista da cultura.
A partir de então, o conceito de cultura começa a se afirmar cada vez mais, com a contribuição de Edward Tylor (a cultura como “expressão da totalidade da vida social do homem”) e a dimensão coletiva da cultura, abordando os fatos culturais, pela primeira vez, sob uma ótica geral e sistemática; com a contribuição de Franz Boas, cuja obra é uma tentativa de pensar a diferença, que, para ele, é de ordem cultural e não racial (Boas substitui o conceito de raça pelo de cultura, que dava, de modo mais adequado, conta da diversidade humana); com a contribuição de Emile Durkheim, que vinculava a cultura à noção mais ampla de social, não sem adotar certo evolucionismo em suas posições, desenvolvendo a tese da consciência coletiva; e com a contribuição de Lucien Lévy-Bruhl, estudioso das culturas primitivas, colocando no centro de suas reflexões a ideia de diferença cultural.

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