Uma História Cultural Do Humor

O que é humor? No título deste livro, empregamos a palavra em seu sentido mais genérico e neutro, de modo a cobrir uma ampla variedade de estilos: de apotegmas à troca de palavras, dos trotes aos trocadilhos, da farsa à sandice.

Em outras palavras, entendemos o humor como qualquer mensagem — expressa por atos, palavras, escritos, imagens ou músicas — cuja intenção é a de provocar o riso ou um sorriso. Esta definição não só nos permite estender as investigações à Antigüidade, à Idade Média e ao início do período moderno, mas também fazer perguntas de interesse dos historiadores culturais: como o humor é transmitido e por quem, para quem, onde e quando?
No sentido estrito, a noção de humor é relativamente nova. Em seu significado moderno, foi pela primeira vez registrada na Inglaterra em 1682, já que, antes disso, significava disposição mental ou temperamento. O famoso Sensus communis: an essay on the freedom of wit and humour (Sensus communis·. um ensaio sobre a liberdade da graça e do humor — 1709), de Lorde Shaftesbury, foi um dos primeiros escritos a empregar o termo com a acepção familiar aos modernos, conforme definida pelo Concise Oxford Dictionary, que define humor como “facécia, comicidade” e o considera “menos intelectual e mais agradável que o chiste”. Voltaire, diferentemente, propôs uma origem francesa para o termo. Ele alegava que o humor na nova acepção inglesa, significando “plaisanterie naturelle” (brincadeira natural), derivava do humeur francês, conforme foi empregado por Corneille em suas primeiras comédias. É verdade que o inglês “humour” originou-se do francês no sentido de um dos quatro fluidos principais do corpo (sangue, flegma, bílis e bílis negra), mas é mais que duvidoso o fato de o significado inglês contemporâneo derivar também da França. Na verdade, de 1725 em diante, o francês caracteriza invariavelmente o termo como um empréstimo inglês — um tratamento do qual Voltaire é, naturalmente, uma testemunha indireta.3 Em 1862, Victor Hugo ainda falava sobre “essa coisa inglesa chamada humor”, e foi somente no início dos anos 1870 que alguns franceses começaram a pronunciá-la do jeito francês.
Desenvolvimento semelhante pode ser observado em outros países. Na República Unida da Holanda, em 1765, o humor inglês ainda era visto como algo “que eles de fato só encontram na ilha deles”.5 Na Alemanha, também, a palavra era uma “importação” inglesa, como afirma claramente Lessing.* Na realidade, ele primeiro traduziu humour como Laune (humor), adotando o termo em seu sentido mais antigo, embora depois se corrigisse.

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No sentido estrito, a noção de humor é relativamente nova. Em seu significado moderno, foi pela primeira vez registrada na Inglaterra em 1682, já que, antes disso, significava disposição mental ou temperamento. O famoso Sensus communis: an essay on the freedom of wit and humour (Sensus communis·. um ensaio sobre a liberdade da graça e do humor — 1709), de Lorde Shaftesbury, foi um dos primeiros escritos a empregar o termo com a acepção familiar aos modernos, conforme definida pelo Concise Oxford Dictionary, que define humor como “facécia, comicidade” e o considera “menos intelectual e mais agradável que o chiste”. Voltaire, diferentemente, propôs uma origem francesa para o termo. Ele alegava que o humor na nova acepção inglesa, significando “plaisanterie naturelle” (brincadeira natural), derivava do humeur francês, conforme foi empregado por Corneille em suas primeiras comédias. É verdade que o inglês “humour” originou-se do francês no sentido de um dos quatro fluidos principais do corpo (sangue, flegma, bílis e bílis negra), mas é mais que duvidoso o fato de o significado inglês contemporâneo derivar também da França. Na verdade, de 1725 em diante, o francês caracteriza invariavelmente o termo como um empréstimo inglês — um tratamento do qual Voltaire é, naturalmente, uma testemunha indireta.3 Em 1862, Victor Hugo ainda falava sobre “essa coisa inglesa chamada humor”, e foi somente no início dos anos 1870 que alguns franceses começaram a pronunciá-la do jeito francês.
Desenvolvimento semelhante pode ser observado em outros países. Na República Unida da Holanda, em 1765, o humor inglês ainda era visto como algo “que eles de fato só encontram na ilha deles”.5 Na Alemanha, também, a palavra era uma “importação” inglesa, como afirma claramente Lessing.* Na realidade, ele primeiro traduziu humour como Laune (humor), adotando o termo em seu sentido mais antigo, embora depois se corrigisse.

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