Vitrine E Vidraça

Um ditado popular costuma ilustrar como estão distantes os mundos ideal e real: “É fácil ser pedra; difícil é ser vidraça!”. Traduzindo: é sempre muito mais cômodo ou descomplicado criticar, acusar e cobrar do que propriamente enfrentar situações incômodas e delicadas.


Esses dizeres se aplicam facilmente a diversas áreas, e em especial ao jornalismo. Isso porque analisar os produtos e os processos de produção da informação tem se tornado uma prática cada vez mais frequente em todas as partes. Nos Estados Unidos, na Escandinávia e em outros países da Europa, a crítica de mídia é um exercício consolidado e bastante influente. Na África, ela é ainda incipiente; na Oceania, apenas a Austrália se destaca nesse processo; na Ásia, existem circunstâncias muito distintas, o que inviabiliza um diagnóstico mais generalizador no continente. Na América Latina, a observação atenta dos meios de comunicação tem se desenvolvido em consonância com a evolução dos processos políticos dos países. Isto é, à medida que as democracias foram se sedimentando no subcontinente, à medida que a estabilidade política foi se naturalizando, a análise da mídia ganhou corpo e se difundiu. Isto é, comunicação e política têm raízes comuns, trajetórias paralelas e problemáticas particulares. Como se trata de processos históricos – a redemocratização da América Latina e a consolidação da crítica do jornalismo -, ainda se vive um dia de cada vez, pedra por pedra.
Por falar em pedra, a media criticism é um processo de conversão do tijolo em vidraça. Sob o olhar exigente do analista, o jornalismo – tão afeito à fiscalização dos poderes, às cobranças sociais – fica acuado, subsumido, objetivado. Produtos, processos, rotinas e práticas são avaliados, medidos, comparados, o que muito pode contribuir para o seu aperfeiçoamento.
O jornalismo brasileiro se desenvolveu muito nas últimas décadas, por exemplo. Fruto da modernização das empresas, do aprimoramento técnico dos profissionais, do aumento da exigência do público e de uma cultura ainda emergente de crítica e autocrítica. A internet é o ambiente mais fértil em experiências de media watching, mas existem programas de rádio, de televisão e raras publicações que funcionam como arenas de debates. No meio acadêmico, projetos de extensão e de pesquisa também elegem os meios de informação como objetos de investigação e escrutínio. Organizações não-governamentais e associações classistas também oferecem suas contribuições. Profissionais e empresas de comunicação enfrentam menos as delicadas questões que os afligem, mas não chegam a ignorar os críticos.

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Um ditado popular costuma ilustrar como estão distantes os mundos ideal e real: “É fácil ser pedra; difícil é ser vidraça!”. Traduzindo: é sempre muito mais cômodo ou descomplicado criticar, acusar e cobrar do que propriamente enfrentar situações incômodas e delicadas.
Esses dizeres se aplicam facilmente a diversas áreas, e em especial ao jornalismo. Isso porque analisar os produtos e os processos de produção da informação tem se tornado uma prática cada vez mais frequente em todas as partes. Nos Estados Unidos, na Escandinávia e em outros países da Europa, a crítica de mídia é um exercício consolidado e bastante influente. Na África, ela é ainda incipiente; na Oceania, apenas a Austrália se destaca nesse processo; na Ásia, existem circunstâncias muito distintas, o que inviabiliza um diagnóstico mais generalizador no continente. Na América Latina, a observação atenta dos meios de comunicação tem se desenvolvido em consonância com a evolução dos processos políticos dos países. Isto é, à medida que as democracias foram se sedimentando no subcontinente, à medida que a estabilidade política foi se naturalizando, a análise da mídia ganhou corpo e se difundiu. Isto é, comunicação e política têm raízes comuns, trajetórias paralelas e problemáticas particulares. Como se trata de processos históricos – a redemocratização da América Latina e a consolidação da crítica do jornalismo -, ainda se vive um dia de cada vez, pedra por pedra.
Por falar em pedra, a media criticism é um processo de conversão do tijolo em vidraça. Sob o olhar exigente do analista, o jornalismo – tão afeito à fiscalização dos poderes, às cobranças sociais – fica acuado, subsumido, objetivado. Produtos, processos, rotinas e práticas são avaliados, medidos, comparados, o que muito pode contribuir para o seu aperfeiçoamento.
O jornalismo brasileiro se desenvolveu muito nas últimas décadas, por exemplo. Fruto da modernização das empresas, do aprimoramento técnico dos profissionais, do aumento da exigência do público e de uma cultura ainda emergente de crítica e autocrítica. A internet é o ambiente mais fértil em experiências de media watching, mas existem programas de rádio, de televisão e raras publicações que funcionam como arenas de debates. No meio acadêmico, projetos de extensão e de pesquisa também elegem os meios de informação como objetos de investigação e escrutínio. Organizações não-governamentais e associações classistas também oferecem suas contribuições. Profissionais e empresas de comunicação enfrentam menos as delicadas questões que os afligem, mas não chegam a ignorar os críticos.

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