A Tinta Da Melancolia

Temas relacionados à melancolia são uma constante no pensamento do psiquiatra, crítico literário, linguista e filósofo Jean Starobinski. Ao longo de mais de meio século, ele investigou esse traço do espírito humano com a multiplicidade de enfoques que caracteriza seu trabalho.


Da história das doutrinas e dos tratamentos da melancolia a suas aparições na obra de artistas emblemáticos como Cervantes, Baudelaire e Kafka, Starobinski combina rigor e lirismo nesta reunião de ensaios.
Analisando a melancolia à luz de diferentes períodos históricos sem deixar de identificar aquilo que lhe é inerente, Starobinski nos oferece um retrato primoroso de uma das manifestações mais complexas da história do pensamento ocidental.

Ao fim de um período em que fui residente (1957-8) no Hospital Psiquiátrico Universitário de Cery, perto de Lausanne, pareceu-me oportuno dar uma espiada na história milenar da melancolia e de seus tratamentos. A era das novas terapêuticas medicamentosas acabava de se abrir. O objetivo daquele texto, destinado a médicos, era convidá-los a levar em conta a longa duração em que se inscrevia a atividade de todos eles.
Depois de formado em letras clássicas na universidade de Genebra, fiz estudos, em 1942, que me levaram ao diploma de medicina. Porém, as funções de assistente de literatura francesa na faculdade de letras de Genebra sempre me mantiveram ligado ao campo literário. Perfilava-se um projeto de tese sobre os inimigos das máscaras (Montaigne, La Rochefoucauld, Rousseau e Stendhal), enquanto eu aprendia a auscultação, a percussão, a radioscopia. Com os estudos médicos concluídos em 1948, por cinco anos fui residente na Clínica de Terapêutica do Hospital Cantonal Universitário de Genebra.
A dupla atividade médica e literária prolongou-se nos anos 1953-6, na Universidade Johns Hopkins, de Baltimore. Mas dessa vez a tarefa principal foi o ensino de literatura francesa (Montaigne, Corneille, Racine), desdobrada, no entanto, por uma presença regular às grandes consultas e às confrontações clínico-patológicas do Hospital Johns Hopkins. Beneficiei-me dos recursos do Instituto de História da Medicina, onde ensinavam Alexandre Koyré, Ludwig Edelstein e Owsei Temkin. Tive a oportunidade de encontrar várias vezes o neurologista Kurt Goldstein, cujos trabalhos tanto contaram para Maurice Merleau-Ponty. Na faculdade de Humanities, tive um intercâmbio diário com Georges Poulet e Leo Spitzer.

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Da história das doutrinas e dos tratamentos da melancolia a suas aparições na obra de artistas emblemáticos como Cervantes, Baudelaire e Kafka, Starobinski combina rigor e lirismo nesta reunião de ensaios.
Analisando a melancolia à luz de diferentes períodos históricos sem deixar de identificar aquilo que lhe é inerente, Starobinski nos oferece um retrato primoroso de uma das manifestações mais complexas da história do pensamento ocidental.

Ao fim de um período em que fui residente (1957-8) no Hospital Psiquiátrico Universitário de Cery, perto de Lausanne, pareceu-me oportuno dar uma espiada na história milenar da melancolia e de seus tratamentos. A era das novas terapêuticas medicamentosas acabava de se abrir. O objetivo daquele texto, destinado a médicos, era convidá-los a levar em conta a longa duração em que se inscrevia a atividade de todos eles.
Depois de formado em letras clássicas na universidade de Genebra, fiz estudos, em 1942, que me levaram ao diploma de medicina. Porém, as funções de assistente de literatura francesa na faculdade de letras de Genebra sempre me mantiveram ligado ao campo literário. Perfilava-se um projeto de tese sobre os inimigos das máscaras (Montaigne, La Rochefoucauld, Rousseau e Stendhal), enquanto eu aprendia a auscultação, a percussão, a radioscopia. Com os estudos médicos concluídos em 1948, por cinco anos fui residente na Clínica de Terapêutica do Hospital Cantonal Universitário de Genebra.
A dupla atividade médica e literária prolongou-se nos anos 1953-6, na Universidade Johns Hopkins, de Baltimore. Mas dessa vez a tarefa principal foi o ensino de literatura francesa (Montaigne, Corneille, Racine), desdobrada, no entanto, por uma presença regular às grandes consultas e às confrontações clínico-patológicas do Hospital Johns Hopkins. Beneficiei-me dos recursos do Instituto de História da Medicina, onde ensinavam Alexandre Koyré, Ludwig Edelstein e Owsei Temkin. Tive a oportunidade de encontrar várias vezes o neurologista Kurt Goldstein, cujos trabalhos tanto contaram para Maurice Merleau-Ponty. Na faculdade de Humanities, tive um intercâmbio diário com Georges Poulet e Leo Spitzer.

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