O Que É Marxismo

A centena de páginas que o leitor tem em mãos pode ser, para ele, um auxilio e um estímulo — e para isto foram escritas. Auxilio: um "primeiro passo" na direção do conhecimento de um projeto teórico complexo, produto da intervenção intelectual e política de gerações de homens

que se dispuseram a elaborar a história e procuraram, com maior ou menor sucesso, respostas para os problemas mais angustiantes da sociedade moderna. E ainda estímulo: o esboço, ainda que muito incompleto, de uma fascinante construção cultural, de uma aventura que conjuga o pensar e o fazer numa aposta radical, já que a herança de Marx exige a reflexão crítica e a ação revolucionária.
Mas este livrinho comporta vários riscos. Riscos da parte do autor: como resumir em tão curto espaço, sem deformar, um conjunto de tantas idéias e tamanhas polêmicas? Mais: supondo que este resumo seja viável, como não viciá-lo a partir da sua própria posição em face do tema? E também riscos do lado do leitor: a tendência a buscar verdades e fórmulas conclusivas, guias e modelos, o desejo de encontrar soluções mais ou menos fáceis para indagações que freqüentam as nossas preocupações, imediatas ou não.
De fato, esses riscos são inevitáveis. E não vejo como eliminá-los. Creio apenas que podemos, autor e leitor, colocar as cartas na mesa para estabelecer as nossas regras. Nisto, levo a vantagem da jogada inicial — portanto, que o leitor se precavenha. E sua cautela deve começar logo, a partir desta linha: duvide, ponha em questão, discuta com outras pessoas, leia mais (as sugestões bibliográficas que ofereço ao final são somente um leque de outros "primeiros passos"), numa palavra, questione todas as minhas afirmações.
Rapidamente, apresento meus trunfos: 1. penso que a obra original de Marx (a obra marxiana) é uma teoria da sociedade burguesa e da sua ultrapassagem pela revolução proletária; 2. considero esta obra necessária, mas não suficiente, para explicar/compreender e revolucionar o mundo contemporâneo; 3. julgo que todas as ideias de Marx (bem como de seus seguidores) devem ser testadas e verificadas sempre, jamais constituindo verdades imutáveis e evidentes por si mesmas; 4. enfim, sustento que não existe algo como "o marxismo” ; defendo a tese de que há marxismos, vertentes diferenciadas e alternativas de uma já larga tradição teórico-política. A hipótese de um marxismo único, puro e imaculado remete mais à mitologia política e ideológica do que à crítica racional.
Imagino que o texto que preparei contém motivos de sobra para desagradar aos especialistas de todos os matizes: aos marxóiogos, que dissecam Marx como peça do passado; aos marxizantes, que tiram da obra de Marx o que lhes convém; e aos marxistas acadêmicos de qualquer tipo (os dogmáticos e os dissidentes, todos ganhando a vida exatamente graças à suposição da existência desse algo chamado "o marxismo"). Além de todos os problemas que eventualmente eles levantarão, sempre com algum fundamento, provavelmente vão começar por perguntar como é possível tratar do tema a partir do mote "o que é?".

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O Que É Marxismo

A centena de páginas que o leitor tem em mãos pode ser, para ele, um auxilio e um estímulo — e para isto foram escritas. Auxilio: um “primeiro passo” na direção do conhecimento de um projeto teórico complexo, produto da intervenção intelectual e política de gerações de homens que se dispuseram a elaborar a história e procuraram, com maior ou menor sucesso, respostas para os problemas mais angustiantes da sociedade moderna. E ainda estímulo: o esboço, ainda que muito incompleto, de uma fascinante construção cultural, de uma aventura que conjuga o pensar e o fazer numa aposta radical, já que a herança de Marx exige a reflexão crítica e a ação revolucionária.
Mas este livrinho comporta vários riscos. Riscos da parte do autor: como resumir em tão curto espaço, sem deformar, um conjunto de tantas idéias e tamanhas polêmicas? Mais: supondo que este resumo seja viável, como não viciá-lo a partir da sua própria posição em face do tema? E também riscos do lado do leitor: a tendência a buscar verdades e fórmulas conclusivas, guias e modelos, o desejo de encontrar soluções mais ou menos fáceis para indagações que freqüentam as nossas preocupações, imediatas ou não.
De fato, esses riscos são inevitáveis. E não vejo como eliminá-los. Creio apenas que podemos, autor e leitor, colocar as cartas na mesa para estabelecer as nossas regras. Nisto, levo a vantagem da jogada inicial — portanto, que o leitor se precavenha. E sua cautela deve começar logo, a partir desta linha: duvide, ponha em questão, discuta com outras pessoas, leia mais (as sugestões bibliográficas que ofereço ao final são somente um leque de outros “primeiros passos”), numa palavra, questione todas as minhas afirmações.
Rapidamente, apresento meus trunfos: 1. penso que a obra original de Marx (a obra marxiana) é uma teoria da sociedade burguesa e da sua ultrapassagem pela revolução proletária; 2. considero esta obra necessária, mas não suficiente, para explicar/compreender e revolucionar o mundo contemporâneo; 3. julgo que todas as ideias de Marx (bem como de seus seguidores) devem ser testadas e verificadas sempre, jamais constituindo verdades imutáveis e evidentes por si mesmas; 4. enfim, sustento que não existe algo como “o marxismo” ; defendo a tese de que há marxismos, vertentes diferenciadas e alternativas de uma já larga tradição teórico-política. A hipótese de um marxismo único, puro e imaculado remete mais à mitologia política e ideológica do que à crítica racional.
Imagino que o texto que preparei contém motivos de sobra para desagradar aos especialistas de todos os matizes: aos marxóiogos, que dissecam Marx como peça do passado; aos marxizantes, que tiram da obra de Marx o que lhes convém; e aos marxistas acadêmicos de qualquer tipo (os dogmáticos e os dissidentes, todos ganhando a vida exatamente graças à suposição da existência desse algo chamado “o marxismo”). Além de todos os problemas que eventualmente eles levantarão, sempre com algum fundamento, provavelmente vão começar por perguntar como é possível tratar do tema a partir do mote “o que é?”.

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